[weglot_switcher]

Médio Oriente: Trump diz que vai comprar Gaza para outros países reconstruírem

“Outras pessoas podem fazê-lo sob os nossos auspícios, mas estamos empenhados em possuí-la, tomá-la e garantir que o [movimento islamita palestiniano] Hamas não a reocupa”, acrescentou Trump.
10 Fevereiro 2025, 07h55

O novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que está “comprometido em comprar e possuir” a Faixa de Gaza, embora tenha convidado outros países da região a reconstruir o enclave palestiniano.

“Quanto à reconstrução [da Faixa de Gaza], podemos dá-la a outros Estados do Médio Oriente para construírem partes”, disse o republicano aos jornalistas, no interior do avião presidencial.

“Outras pessoas podem fazê-lo sob os nossos auspícios, mas estamos empenhados em possuí-la, tomá-la e garantir que o [movimento islamita palestiniano] Hamas não a reocupa”, acrescentou Trump.

Pouco depois, o Hamas condenou as declarações do Presidente norte-americano.

“Condenamos as declarações de Trump sobre ‘comprar e possuir Gaza’, que reflectem uma profunda ignorância sobre a Palestina e a região. Gaza não é uma propriedade que possa ser comprada e vendida, é parte integrante da nossa terra palestiniana ocupada”, disse Izat al-Rishq, um dirigente da ala política do Hamas.

Num comunicado divulgado pelo jornal ‘Filastín’, ligado ao movimento islamita, Al-Rishq salientou que a Faixa de Gaza “pertence ao seu povo e não o abandonará”.

A única forma de os palestinianos abandonarem voluntariamente o enclave é se puderem regressar às casas nas cidades e vilas que Israel ocupou em 1948, acrescentou o dirigente.

“Tratar a questão palestiniana com a mentalidade de um agente imobiliário é uma receita para o fracasso, e o nosso povo vai frustrar todos os planos de deslocação e deportação”, disse Al-Rishq.

Na terça-feira, Trump propôs expulsar mais de dois milhões de pessoas que vivem na Faixa de Gaza e transformá-la numa “Riviera do Médio Oriente”, gerando protestos globais, sobretudo no mundo árabe.

O Presidente dos Estados Unidos anunciou a ideia numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que a saudou como “a primeira boa ideia” que ouviu sobre o que pós-guerra no enclave devastado.

Também no domingo, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que ninguém tem o poder de expulsar os habitantes da Faixa de Gaza, rejeitando o plano de Trump.

“Ninguém tem o poder de expulsar o povo de Gaza da sua terra natal eterna, que existe há milhares de anos”, declarou, numa conferência de imprensa.

“Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental pertencem aos palestinianos”, insistiu Erdogan.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em Israel em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala, que provocou mais de 47 mil mortos, na maioria civis, e a destruição da maioria das infraestruturas do enclave, segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas desde 2007.

O conflito também provocou cerca de 1,9 milhões de deslocados, de acordo com a ONU.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.