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Melom pretende ultrapassar os 50 milhões de euros em obras realizadas em 2021

João Range, diretor-geral do grupo, relembra que a pandemia apanhou tudo e todos de surpresa e que as obras pararam por completo durante o primeiro confinamento em 2020.
João Range Diretor Geral da MELOM
11 Fevereiro 2021, 18h59

Após um ano em que o medo provocado pela pandemia do coronavírus parou por completo a indústria das obras na habitação, o grupo MELOM deseja que 2021 seja de retoma e como tal pretende atingir um volume de faturação em obras realizadas acima dos 50 milhões de euros.

Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o diretor geral do grupo, João Range, aborda os efeitos sentidos pela Covid-19 nesta indústria e acredita que com as famílias em casa 24 sobre 24 horas, as obras serão cada vez mais uma realidade.

Apesar de uma ligeira descida na faturação em 2020, o valor registado superou as expetativas face à pandemia?

Não diria que superou, mas sim que foram atingidos os mínimos aceitáveis. O período do primeiro confinamento, em março e abril de 2020, apanhou todos de surpresa e foi uma situação inédita e que ninguém estava preparado para vivenciar. Fruto dessa surpresa e algum medo associado, muitas obras foram simplesmente paradas. Sabemos agora, passado quase um ano, que talvez não fosse necessário tanto. Por exemplo, obras de exterior, ou em imóveis inabitados, poderiam perfeitamente ter continuado a 100%, desde que com os devidos cuidados acautelados pelas equipas de obra. A ligeira descida que tivemos, deveu-se essencialmente a este período de dois meses, mas que se veio a refletir até agosto, sensivelmente. Só a partir de setembro com a reabertura das escolas houve um regresso à normalidade em termos de planeamento das obras e nessa altura já não era possível que os resultados fossem os que tínhamos objetivado para 2020.

Existe algum valor de faturação traçado para 2021?

Sim, preparamos cada ano com um objetivo claro. Para 2021, o objetivo é que a nossa rede suplante os 50 milhões em obras realizadas. É um objetivo ambicioso, mas realista. Fruto da experiência vivida e mesmo com um início de ano com novo confinamento, estamos muito mais aptos e capazes para dar a resposta que os nossos clientes necessitam. As pequenas reparações são urgentes e necessárias, porque as habitações estão a sofrer um desgaste rápido; as grandes obras estão planeadas já com a previsão de eventuais paragens obrigatórias fruto da pandemia, ou seja, estamos melhor preparados e confiantes que, com todos os cuidados necessários para que não nos tornemos um foco de propagação do vírus, sejamos sim um auxílio efetivo para que a economia não pare. Somos dos poucos setores que o pode fazer, pelo que se torna imperioso levar a cabo esta “empreitada”.

Como empresa de obra e construção que impacto teve a pandemia na vossa forma de trabalhar?

Teve enorme impacto, como em praticamente todos os setores. Na MELOM, um dos desígnios que sempre tivemos foi de disciplinar o mercado em termos comportamentais. O tradicional “senhor das obras”, que ia a casa do cliente com o lápis atrás da orelha e que não tinha os devidos cuidados fosse no diálogo, higiene ou na atitude, é agora uma miragem. Temos equipas altamente profissionais e preparadas, não só para a execução das obras, mas também para prestar um serviço de qualidade a cada cliente. A todos os cuidados já em prática, somaram-se então os de prevenção decorrentes da pandemia. Todas as unidades MELOM estão muito alerta para os detalhes, desde o transporte do pessoal para a obra, até ao manuseamento de ferramentas que cada vez mais são de uso individual, passando também pelo cuidado pessoal. No que respeita ao âmbito comercial, também houve uma readaptação, hoje são feitas muitas visitas de orçamentação por videochamada, por exemplo, algo praticamente impensável no pré-pandemia, mas que veio a provar ser uma excelente forma de diminuir tempos de espera e deslocações desnecessárias.

O que perspetivam para o vosso mercado em 2021?

A nossa perspetiva é de que seja um ano muito difícil, principalmente para todas as empresas, pequenas ou grandes, que não trabalhem suportadas por uma rede. Se nesta altura, todas as empresas do setor têm muitas obras, não tendo mãos a medir, muito provavelmente esse cenário vai mudar quando surgir a já tão falada crise económica. Nessa altura, em que o poder de compra dos consumidores tendencialmente sofrerá grandes cortes (principalmente quando as moratórias relacionadas com créditos terminarem), só obras muito bem planificadas e orçamentadas serão adjudicadas, e infelizmente são poucas as empresas deste setor em Portugal que o fazem bem, não porque não o queiram fazer, mas porque não têm essa formação. É por isso que apostamos na formação, protocolos e parcerias, que auxiliem a nossa rede a estar preparada para o médio prazo. O próprio cliente analisará o mercado de forma completamente diferente. Hoje, o cliente praticamente sujeita-se a quem tenha disponibilidade para realizar a sua obra; daqui a uns meses, esse cliente quererá uma garantia completamente diferente, um orçamento bem elaborado e uma obra que não “derrape”, pois o valor disponível será mais limitado.

Acreditam que os portugueses vão continuar a querer fazer obras em casa mesmo com a pandemia?

Não só acreditamos, como tem sido uma realidade. Como referido anteriormente, as habitações estão a sofrer um desgaste rápido por utilização, como nunca havia acontecido. Temos pessoas em casa 24 sobre 24 horas, com crianças e animais domésticos, logo a probabilidade de ser necessária alguma reparação é enorme. Depois, temos a saturação inerente a este tempo passado em casa e que motiva à remodelação e reabilitação. Acrescendo a estes fatores, existe também a vontade de mudança de habitação e quando existe essa mudança, normalmente vem associada uma remodelação total do novo imóvel.

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