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Membro da comissão de honra de Bruno de Carvalho é cabeça de lista do Chega

Primeiro contacto de Cassiano Neves com André Ventura deu-se quando este o acusou de ter em mãos um processo contra o então presidente do Sporting, levando-o a comentar que “vindo de quem vem é de esperar qualquer disparate”. Divergências clubísticas foram ultrapassadas pela vontade de ocupar um espaço político que poderia ficar nas mãos de “aventureiros e populistas baratos”.
25 Julho 2019, 07h44

O historiador de arte Pedro Mascarenhas Cassiano Neves, que foi assessor do conselho diretivo e da sociedade anónima desportiva do Sporting e integrou a comissão de honra de Bruno de Carvalho, será o primeiro candidato do Chega pelo círculo de Santarém nas legislativas de 6 de outubro. E apesar de integrar as listas do partido fundado e liderado por André Ventura, que foi um dos críticos mais notórios do ex-presidente leonino, mantém uma avaliação globalmente positiva de “quatro anos magníficos” que reconhece terem terminado mal, embora acrescente que “em Portugal é muito fácil dar pontapés em pessoas que estão no chão”.

Foi precisamente devido ao futebol que Cassiano Leite teve o primeiro contacto com André Ventura, e não pelos melhores motivos, pois o comentador televisivo afeto ao Benfica da CMTV acusou-o publicamente de ser em simultâneo membro da comissão de honra de Bruno de Carvalho e instrutor do processo instaurado pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) aos incidentes no interior do Estádio de Alvalade após o Sporting-Arouca.

Nessa altura, Cassiano Neves, que teve cargos no Sporting quando José Roquette era presidente, reagiu à acusação de André Ventura (e também de Pedro Guerra, nesse caso na TVI) e garantiu ao “Record” nada ter a ver com esse processo, acrescentando que “vindo de quem vem é de esperar qualquer disparate”.

Desde então as diferenças clubísticas foram superadas pela proximidade política, ao ponto de Pedro Mascarenhas Cassiano Neves, até então ligado ao CDS-PP, se ter filiado no Chega, do qual é o porta-voz para as áreas do Património, Cultura e Ambiente. “Mais tarde ou mais cedo aconteceria o aparecimento de um partido de direita conservadora clássica em Portugal”, disse ao Jornal Económico o agora cabeça de lista por Santarém, que vê o novo partido como “assumidamente de direita conservadora nos valores e na economia”.

Recusando que se trate de um projeto de extrema-direita, Cassiano Neves afirma que o Chega se insere numa vaga de partidos que estão a afirmar-se na Europa e “é melhor que esse espaço seja ocupado em Portugal por pessoas como nós e não por aventureiros e populistas baratos”.

Apesar de reconhecer que é difícil ser eleito por Santarém, que coloca apenas nove deputados na Assembleia da República, o historiador de arte conta ter um “resultado muito melhor do que as pessoas estão à espera” e assume prioridades como dar voz aos agricultores, com ênfase nos produtores de vinho e sem descurar a componente florestal e ambiental – que “só agora é bandeira da esquerda” -, bem como “defender as tradições” do distrito. É o caso da tauromaquia, que considera estar em perigo num momento em que aumenta a influência do PAN e saem de cena históricos do PS aficionados, mas também de um património histórico “ainda pouco explorado”.

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