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Membros do Departamento de Estado dos EUA duvidam do cumprimento da lei internacional por Israel em Gaza

Alguns representantes do governo dos EUA consideram que as provas dadas por Telavive de que está a cumprir a lei internacional em Gaza não são “credíveis ou fiáveis”, isto numa altura em que o país responde por genocídio em Haia. Departamento do Estado tem de apresentar relatório ao Congresso até dia 8 de maio sobre possíveis violações do direito internacional pelas forças israelitas com material fornecido por Washington.
29 Abril 2024, 07h30

Vão crescendo as dúvidas no seio do governo dos EUA sobre o cumprimento pelas forças israelitas da lei internacional em Gaza. De acordo com um memorando interno a que a Reuters teve acesso, vários membros de gabinetes federais norte-americanos expressaram as suas reservas quanto ao uso dado pelos israelitas de armamento fornecido por Washington, isto quando se aproxima o prazo para o secretário de Estado apresentar ao Congresso um relatório sobre possíveis violações da lei internacional no enclave palestiniano.

Vários oficiais do Departamento de Estado norte-americano consideram que as provas fornecidas por Israel quanto ao cumprimento da lei internacional na ofensiva na Faixa de Gaza não são “credíveis ou fiáveis”, mostrando a extensão das tensões no seio da administração Biden sobre a atuação das forças israelitas.

O secretário de Estado Anthony Blinken terá de apresentar a 8 de maio um relatório no Congresso dos EUA sobre as garantias dadas pelo governo israelita quanto à observância do direito internacional e no uso do armamento norte-americano, sendo que pelo menos sete departamentos manifestaram, até 24 de março, dúvidas quanto a estas garantias, reporta a Reuters. As dúvidas não são transversais, com vários oficiais a manifestarem apoio às ações de Telavive.

Em específico, uma submissão conjunta de quatro departamentos (Democracia, Direitos Humanos e Trabalho; Populações, Refugiados e Migrações; Justiça Criminal Global e Relações Institucionais Internacionais) levanta “sérias preocupações sobre o não-cumprimento” da lei internacional e de guerra na ofensiva israelita em Gaza, detalha a agência.

Estes departamentos questionam a credibilidade das garantias dadas pelas autoridades israelitas, apontando ainda várias situações em que estas bloquearam arbitrariamente a entrega de ajuda humanitária a populações civis, ataques repetidos a locais e profissionais protegidos no contexto de guerra, como médicos e jornalistas, e a falta de vontade em investigar as violações das suas forças militares.

A agressão israelita à Faixa de Gaza causou já mais de 34 mil mortos, a maioria deles mulheres e crianças, de acordo com as autoridades de saúde palestinianas. A ofensiva surge como resposta ao ataque de 7 de outubro pelo Hamas, que resultou na morte de quase 1.200 israelitas no sul do país, cerca de 700 deles civis.

A elevada contagem de vítimas no enclave palestiniano e os relatos de execuções arbitrárias, bombardeamentos de locais protegidos, castigo coletivo pela negação de fornecimento de água, eletricidade e comida e a retórica dos representantes israelitas levou a África do Sul a acusar o país de genocídio contra o povo de Gaza no Tribunal Internacional (TPI) de Haia. O caso está em apreciação, tendo levado à determinação de medidas preventivas para parar o que o tribunal considera um caso plausível de extermínio de uma população civil.

A preocupação norte-americana é que uma condenação de Israel gere repercussões legais para Washington, o principal suporte político e financiador bélico e económico do Estado sionista. Em linha com tal, o presidente Biden ordenou a apresentação de um relatório do Departamento do Estado sobre possíveis violações do direito internacional pelas forças armadas de Telavive.

Apesar de reforçar continuamente o apoio “inabalável” dos EUA a Israel, mesmo confrontado com a acusação no TPI, Biden ameaçou recentemente condicionar futura ajuda militar à tomada de medidas pelo governo de Netanyahu para melhorar a situação humanitária no enclave de Gaza, isolado do resto do mundo por um bloqueio israelo-egípcio há 16 anos.

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