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Mercado de luxo deve registar vendas de 1,5 biliões este ano

As experiências de luxo continuam a atrair consumidores, uma vez que estes estão a favorecer os tratamentos pessoais e bem-estar em detrimento de bens. Bens de consumo estão a atrair menos, especialmente a Geração Z.
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FILE PHOTO: Employees hold handbags in a workshop at the Atelier Louis Vuitton in Vendome, France, February 22, 2022. REUTERS/Benoit Tessier
18 Novembro 2024, 13h39

O mercado mundial de luxo deve estagnar este ano, com os consumidores globais a gastarem 1,5 biliões de euros. Trata-se então de uma taxa de crescimento estimada em -1% e 1%, com o mercado a ficar “relativamente estável face a 2023”.

Os dados são do mais recente relatório da Bain & Company, que indica que os consumidores “estão a reduzir os gastos com bens de consumo discricionário, face à incerteza macroeconómica e ao aumento contínuo dos preços por parte das marcas”. Posto estes dados, a Bain & Company aponta que “o mercado de bens pessoais de luxo terá a sua primeira desaceleração desde a Grande Recessão, excluindo a Covid, a experimentar uma erosão de -2%, às taxas de câmbio atuais, face ao ano passado”.

Explica a consultora que a tendência surge num momento em que a Geração Z se afasta das marcas de luxo, nomeadamente no que refere à lealdade. Este tem sido um fator que levou a uma redução da base de clientes de luxo em cerca de 50 milhões nos últimos dois anos.  

“Apesar da elevada incerteza macroeconómica, o consumo de luxo mostrou uma assinalável estabilidade este ano, em grande parte devido à procura dos clientes por experiências”, refere Clara Albuquerque, partner da Bain & Company.“Ainda assim, o mercado de bens de luxo perdeu cerca de 50 milhões de consumidores nos últimos dois anos, por opção ou por terem sido forçados a deixar de consumir estes bens. Isto é um sinal para as marcas de que precisam de reajustar as suas propostas de valor. Para reconquistar os clientes, particularmente os mais jovens, as marcas precisarão de liderar com criatividade e diversificar as suas mensagens”.

“Simultaneamente, devem manter os seus principais clientes no centro das atenções, surpreendendo-os e encantando-os, enquanto redescobrem as interações humanas one-to-one. Para todos os clientes, será crucial duplicar a personalização, aproveitando a tecnologia para alcançá-la em escala, com a Inteligência Artificial a desempenhar um papel primordial em quase todas as áreas da proposta de valor”, aponta Clara Albuquerque.

No entanto, as experiências de luxo continuam a atrair consumidores, uma vez que estes estão a favorecer os tratamentos pessoais e bem-estar em detrimento de bens.

Apesar de uma diminuição no consumo, os produtos de beleza, nomeadamente as fragrâncias, continuam a ter um bom desempenho, e o mesmo acontece com o mercado de ótica.

Indica o estudo que o segmento das joias se mantém forte, especialmente favorecido pelo segmento de alta joalharia e por um desempenho notavelmente positivo no mercado dos EUA. Relógios, artigos de couro e sapatos têm registado uma desaceleração, com os consumidores a reduzirem os gastos e a tornarem-se cada vez mais seletivos quanto às compras.

Em relação à procura física, os espaços outlet estão a registar um desempenho superior às lojas retalhistas de luxo. Também o online está a entrar numa trajetória de normalização após as oscilações observadas na pandemia.

E o luxo por região?

Os Estados Unidos mostram sinais positivos, com uma trajetória trimestral ascendente. No entanto, a confiança flutuante do consumidor e a desaceleração do tráfego pedonal nas principais cidades (em detrimento dos automóveis) continua a afetar o setor.

 

O Japão continua a liderar no crescimento do luxo em termos globais, devido às taxas de câmbio favoráveis e aos aumentos associados nos gastos turísticos durante a primeira metade de 2024. Contudo, o reajuste dos preços desacelerou o impulso consumista.

Em contraste, a China continental viveu uma desaceleração acentuada, tendo piorado ao longo do ano, à medida que os gastos domésticos diminuíram devido à baixa confiança do consumidor e às saídas turísticas chinesas para áreas próximas e para a Europa.

A Europa continua a mostrar um forte crescimento, com a procura sustentada por influxos turísticos, nomeadamente em resorts no sul europeu e cidades de primeira linha. O Reino Unido e o norte da Europa estão a registar influxos turísticos de luxo mais limitados e o cenário está a mudar no Médio Oriente, mediante as tensões regionais a impactar o turismo.

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