Miguel Quintas invocou motivos de ordem pessoal para retirar a candidatura à presidência da Câmara de Lisboa, que tinha sido anunciada pela Iniciativa Liberal no sábado passado. Apesar desse revés, associado à polémica causada por uma entrevista em que o gestor teria admitido a nacionalização da TAP, o partido liderado por João Cotrim Figueiredo mantém a intenção de avançar sozinho para a capital nas próximas autárquicas, após ter negado integrar a coligação de centro-direita que procura levar o ex-comissário europeu Carlos Moedas a derrotar o autarca socialista Fernando Medina.
Num comunicado divulgado na noite de terça-feira, depois de ser conhecido o recuo de Miguel Quintas, foi garantido que os órgãos locais e nacionais da Iniciativa Liberal irão “ponderar e decidir sobre o novo candidato do partido no processo autárquico em Lisboa”.
O mesmo comunicado refere que o gestor ligado ao turismo “utilizou a sua vasta experiência profissional e competência na elaboração do programa eleitoral autárquico” do Núcleo de Lisboa da Iniciativa Liberal, vindo por isso a ser escolhido como candidato à Câmara Municipal de Lisboa, “dando cumprimento à estratégia da Iniciativa Liberal de apresentar candidaturas próprias”.
Confrontado com a entrevista que deu à publicação “Ambitur” em abril de 2020, Miguel Quintas defendeu nesta segunda-feira, através das redes sociais, que “a TAP é um buraco descomunal a caminho de mais de quatro mil milhões de euros e ainda nem se viu o fundo desse mesmo buraco”. E acrescentou que “ainda maior problema que o atual buraco da TAP é o Governo continuar a insistir no mesmo caminho, sabendo que tal percurso apenas resultará numa ainda maior erosão da riqueza nacional”, pelo caberá aos contribuintes “pagar por esse erro”.
Quintas também citou as suas declarações à SIC Notícias de “que não é economicamente responsável meter mais dinheiro” na transportadora aérea, “nem justo para as demais empresas da nossa economia receberem apenas uma mínima fração daquilo que se está a esbanjar com a TAP”, acusando o Governo de o fazer “aparentemente apenas por uma questão puramente ideológica”.
Referindo-se à entrevista à “Ambitur”, o então candidato à presidência da Câmara de Lisboa argumentou que o título que foi escolhido “não demonstra a plenitude da sua visão”, acrescentando que “a necessidade de evitar esbanjar mais dinheiro na TAP (e após conhecer mais da realidade financeira da empresa)” foi uma das razões que o levou a ingressar na Iniciativa Liberal, “com o objetivo de mudar Portugal”.
No sábado de manhã, ao apresentar Miguel Quintas e a advogada Ana Pedrosa-Augusto, antiga dirigente do Aliança, como os dois primeiros nomes da lista da Iniciativa Liberal à Câmara de Lisboa, João Cotrim Figueiredo disse que fora tomada “a decisão certa”, mesmo assumindo o “risco mediático e eleitoral” que implicava. “Achamos que os mandatos devem ser conquistados não mudando apenas caras, mas também políticas e sobretudo a forma de fazer política”, justificou.
Ana Pedrosa-Augusto, que se tornou conhecida como a advogada de Madonna quando a cantora norte-americana residiu em Portugal, deverá manter-se nas listas da Iniciativa Liberal à principal autarquia nacional, mas não enquanto cabeça de lista.
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