A ministra da Saúde, Marta Temido, afastou a hipótese de reverter de imediato as medidas restritivas de combate à pandemia de Covid-19 no final da apresentação da Situação Epidemiológica da Covid-19 em Portugal, que decorreu nesta segunda-feira no auditório do Infarmed, em Lisboa. “Ainda não é o momento de falar de tempos e de modos”, respondeu a governante a perguntas sobre cenários de desconfinamento.
Apesar da “reafirmação da tendência de descida” na incidência da pandemia em Portugal, com a redução do número de novos casos para abaixo de 300 por 100 mil habitantes, e de a taxa de transmissibilidade do SARS-CoV-2 ser neste momento a mais baixa da União Europeia, Marta Temido disse estar preocupada com o elevado número de doentes de Covid-19 internados em cuidados intensivos. Isto porque, apesar de os peritos terem projetado na reunião do Infarmed que Portugal poderá ter um pouco mais de 300 infetados com o novo coronavírus internados nessas unidades em meados de março (e abaixo de 300 no final desse mês), os atuais 627 são, segundo os intensivistas, precisamente o número de camas de cuidados intensivos que deveriam ser alocados a outras enfermidades.
Marta Temido também partilhou a sua “preocupação com algum relaxamento” dos portugueses, verificando-se um “ligeiro aumento” na mobilidade com a diminuição do número de novos casos. “Sabemos hoje de forma muito precisa que os valores a que chegámos se devem a um esforço coletivo e às medidas em vigor. Se o esforço se inverter voltaremos a atingir números de incidência e de risco de transmissão que não são aqueles de que precisamos”, disse.
Outro factor que aconselha “passos pequenos, relativamente aos quais não temos ainda aas certezas todas”, é a necessidade de controlar novas variantes do SARS-CoV-2, nomeadamente a brasileira. Equacionar medidas de desconfinamento e o calendário da sua aplicação é algo que, segundo Marta Temido, implicará uma “apreciação cautelosa, prudente e ponderada”, dependendo também da rapidez no processo de vacinação e da intensificação da testagem. A possibilidade de as vacinas serem administradas em farmácias comunitárias foi admitida pela governante como uma forma de facilitar o processo.
Quanto à possibilidade do regresso do ensino presencial, a ministra da Saúde recordou que foi a última atividade que o Executivo parou, sendo por isso “coerente” que o desconfinamento se inicie pelas atividades escolares.
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