[weglot_switcher]

Ministro brasileiro obrigado a fazer quarentena nos Estados Unidos

Marcelo Queiroga, responsável pela pasta da Saúde no Brasil, esteve em contacto com pelo menos 30 pessoas no debate na ONU e testou positivo para a Covid-19, apesar de, ao contrário de Jair Bolsonaro, não estar vacinado.
22 Setembro 2021, 15h48

O ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, anunciou através das suas redes sociais que testou positivo para Covid-19 em Nova Iorque. Agora, o ministro, que esteve em contacto com pelo menos 30 pessoas na 76ª assembleia-geral da ONU e acompanhou o presidente brasileiro na viagem, permanece em quarentena nos EUA.

“Comunico a todos que hoje testei positivo para a Covid-19. Ficarei em quarentena nos EUA, e vou seguir todos os protocolos de segurança sanitária. Enquanto isso, o ministério da Saúde continuará firme nas ações de combate à pandemia no Brasil. Vamos vencer este vírus”, escreveu Marcelo Queiroga, que está vacinado, no Twitter.

O teste positivo de Queiroga para a Covid-19 surge aquando da ida do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, aos Estados Unidos para a 76ª assembleia-geral da ONU. O seu discurso ficou marcado pela forma como o Brasil tem tentado combater a pandemia, pelo tema da vacinação e alterações climáticas.

“Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na procura por tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso ‘off-label’ [fora do que prevê a bula]. Não entendemos por que muitos países, juntamente com grande parte dos média a posicionarem-se contra o tratamento inicial.”, sublinhou Bolsonaro, citado pela “Globo”.

Sobre a vacinação, o presidente brasileiro destacou que “até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil serão atendidos. Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem-se posicionado contrariamente ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacina”.

Relativamente à desflorestação da Amazónia, Bolsonaro destacou que ainda que 84% da floresta está “intacta” e convidou os presentes na assembleia a visitar a floresta. Segundo a imprensa brasileira, que cita dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a desflorestação acumulada até aos dias de hoje na Amazónia corresponde a mais de 800 mil km2. Até ao momento a floresta perdeu  cerca de 20%, permanecendo 80% do território original.

“Se não quer vacinar-se, nem precisa vir”

A mãe de Bolsonaro terá tomado a vacina Coronavac. No entanto, o filho parece não querer seguir o exemplo, algo que não agradou ao presidente da Câmara de Nova Iorque, Bill Blasio.

Jair Bolsonaro era o único líder na assembleia-geral da ONU que não estava vacinado. Sobre o assunto, antes do evento, Bill Blasio afirmou que “se [Bolsonaro] não quer vacinar-se, nem precisa vir”. “Com os protocolos em vigor, precisamos de enviar uma mensagem a todos os líderes mundiais, principalmente Bolsonaro, do Brasil, que se pretende vir aqui, precisa estar vacinado”, referiu Bill Blasio.

Porém, a mensagem passou despercebida, porque a presença de Bolsonaro na sessão foi assegurada. Porém, tanto o presidente brasileiro como a comitiva que o acompanhou tiveram de comer pizza na rua. Nos EUA, para consumo interno em restaurantes, é pedido a certificado digital e, como Bolsonaro não tinha esse documento, optou por quiosques de rua.

De recordar que durante a pandemia o ministro da Saúde do Brasil já foi alterado três vezes. O primeiro a sair do cargo foi Luiz Henrique Mandetta e depois Nelson Teich, que ficou no ministério apenas durante um mês. Os motivos foram os mesmos: as divergência com Bolsonaro relativamente à utilização da hidroxicloroquina. Queiroga sucedeu a Nelson Teich em maio de 2020.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.