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Moçambique/Eleições: IL acusa Governo de hipocrisia e “validação acrítica” de resultados

“Até em diplomacia há limites para a hipocrisia. A posição do Governo português de validação acrítica dos resultados manipulados das eleições em Moçambique e de submissão a um poder que despreza regras básicas da democracia e condena o seu povo à fome e à pobreza é lamentável”, escreveu Rui Rocha, na rede social X.
24 Dezembro 2024, 10h26

O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, acusou o Governo português de fazer uma “validação acrítica” dos “resultados manipulados” das eleições presidenciais em Moçambique, classificando a posição do executivo como lamentável e hipócrita.

“Até em diplomacia há limites para a hipocrisia. A posição do Governo português de validação acrítica dos resultados manipulados das eleições em Moçambique e de submissão a um poder que despreza regras básicas da democracia e condena o seu povo à fome e à pobreza é lamentável”, escreveu Rui Rocha, na rede social X.

Na mesma rede, também o deputado da IL e vice-presidente da Assembleia da República Rodrigo Saraiva criticou a posição do primeiro-ministro.

“Paulo Rangel, em audição há poucos dias na Assembleia da República, afirmou que analisariam com cuidado e tempo o anúncio do conselho constitucional. Montenegro correu e até o comunicado de Marcelo é mais cuidadoso”, escreveu Rodrigo Saraiva.

O primeiro-ministro desejou hoje que a transição de poder em Moçambique decorra de “forma pacífica e inclusiva, num espírito de diálogo democrático”, depois de terem sido divulgados os resultados oficiais das presidenciais moçambicanas.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou hoje Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi.

“Concluído o processo eleitoral pelo Conselho Constitucional e designado Daniel Chapo como Presidente eleito de Moçambique, sublinhamos o propósito de que a transição que agora se inicia possa decorrer de forma pacífica e inclusiva, num espírito de diálogo democrático, capaz de responder aos desafios sociais, económicos e políticos do país”, escreveu Luís Montenegro, igualmente numa publicação na rede social X (ex-Twitter).

Em comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Governo português mostrou-se disponível para trabalhar com o novo Presidente e com o executivo moçambicanos, defendendo a salvaguarda da paz e a estabilidade social no país, nomeadamente na fase de transição política que agora se inicia.

Por seu lado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou a “importância do diálogo democrático” entre todas as forças políticas de Moçambique e saudou “a intenção já manifestada de entendimento nacional”.

“Acabados de proclamar os resultados oficiais das eleições presidenciais e legislativas pelo Conselho Constitucional de Moçambique, o Presidente da República tomou conhecimento dos candidatos e da força política declarados formalmente vencedores por aquele Conselho”, refere uma nota divulgada na página oficial de Belém na Internet.

De acordo com a proclamação feita, Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), registou 24,19% dos votos, Ossufo Momade 6,62% e Lutero Simango 4,02%.

Enquanto decorria a leitura do acórdão de proclamação dos resultados, já manifestantes, apoiantes de Venâncio Mondlane, contestavam na rua, com pneus em chamas.

A proclamação destes resultados pelo CC confirma a vitória de Daniel Chapo, jurista de 47 anos, atual secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), anunciada em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas na altura com 70,67%.

Esse anúncio da CNE desencadeou durante praticamente dois meses violentas manifestações e paralisações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não os reconhecia, provocando pelo menos 130 mortos em confrontos com a polícia.

As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais – às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos – em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

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