[weglot_switcher]

Morreu o fadista Carlos do Carmo aos 81 anos

O fadista Carlos do Carmo morreu na manhã de hoje, dia 1 de janeiro, aos 81 anos. Faleceu no hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse o filho à Lusa.
  • Foto de arquivo do fadista Carlos do Carmo durante a sua atuação no último concerto da sua carreira de mais de 50 anos, “Carlos do Carmo: Obrigado”, no Coliseu de Lisboa, 09 de novembro de 2019. O fadista de 81 anos morreu na madrugada desta sexta-feira, 01 janeiro 2021 no hospital de Santa Maria, em Lisboa. TIAGO PETINGA/LUSA
1 Janeiro 2021, 12h30

O fadista Carlos do Carmo morreu esta sexta-feira de manhã aos 81 anos no hospital de Santa Maria, em Lisboa. A notícia foi avançada à agência Lusa pelo filho Alfredo do Carmo.

Nascido em Lisboa, em 21 de dezembro de 1939, Carlos do Carmo era filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998) e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, onde começou a cantar, até ao início da sua carreira artística em 1964.

Vencedor do Grammy Latino de Carreira em 2014, o seu percurso passou por alguns dos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, do ‘Canecão’, no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres.

A Enciclopédia da Música Portuguesa no Século XX classifica Carlos do Carmo como “um dos maiores referenciais” no fado.

“As transformações que Carlos do Carmo operou [no fado] foram influenciadas pelos seus gostos musicais que incluíram referências externas” como a Bossa Nova, do Brasil, e os estilos próprios de cantores como Frank Sinatra (1915-1998), Jacques Brel (1929-1978) e Elis Regina (1945-1982), segundo esta mesma publicação.

A enciclopédia refere que, desde a década de 1970, “acentuou as inovações musicais”, tornando-o “no representante máximo do chamado ‘fado novo'”, com trabalhos como o álbum “Um Homem na Cidade” (1977).

Foi um dos principais e mais determinantes embaixadores da Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, tendo desempenhado um “papel fundamental na divulgação dos maiores poetas portugueses”, como destacou o júri do Prémio Vasco Graça Moura de Cidadania Cultural.

O fadista tornou célebres canções como “Bairro Alto”, “Fado Penélope”, “Os Putos”, “Um Homem na Cidade”, “Uma Flor de Verde Pinho”, “Canoas do Tejo”, “Lisboa, Menina e Moça”.

Carlos do Carmo despediu-se dos palcos no passado dia 9 de novembro de 2019 com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, onde recebeu na altura a Medalha de Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, pelo seu “inestimável contributo” para a música portuguesa.

A medalha foi a derradeira das várias distinções que recebeu, isto ao longo de um percurso artístico de 57 anos.

Aquando da despedida dos palcos, afirmou, em entrevista à agência Lusa: “Fiz este meu caminho que não foi das pedras, mas que considero um caminho sempre saudável e que me levou sempre a ter uma perspetiva de ser solidário com os meus companheiros (…). Não me recordo de ter feito uma sacanice a um colega de profissão. E, para esta nova geração, estou de braços abertos”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.