Com a morte do Papa Francisco inicia-se o processo para selecionar o seu sucessor, um conjunto de cerimónias marcadas pela tradição e que culminará no habitual fumo branco que anuncia o novo líder da Igreja Católica. Ainda assim, e ao jeito mais simples e modesto que distinguiu Francisco dos seus antecessores, o seu funeral será ligeiramente diferente da tradição.
A morte de Francisco arranca com o período denominado como ‘sede vacante’, ou ‘cadeira vazia’, em que os assuntos correntes do Vaticano ficarão a cargo do cardeal camerlengo, lugar atualmente ocupado por Kevin Farrell após a nomeação pelo Papa em 2019. Foi também o camerlengo o responsável por declarar a morte de Francisco depois de o chamar por três vezes pelo nome de batismo, Jorge, e não ter obtido resposta.
Kevin Farrell fica, juntamente com mais três cardeais abaixo dos 80 anos, com a tarefa de definir quando deve o corpo do Papa ser transportado para a Basílica de S. Pedro, para que os fiéis possam despedir-se do líder. Antes, o camerlengo é o responsável por comunicar a morte do Papa (comunicação que segue uma sequência bastante definida), por selar os seus aposentos e por destruir o anel do Papa, conhecido como ‘Anel do Pescador’, como símbolo do fim da sua autoridade.
Tipicamente, o Papa é sepultado quatro a seis dias depois da sua morte, em linha com a declaração Universi Dominici Gregis, que define as regras para esta transição. O documento foi aprovado por João Paulo II em 1996 e posteriormente revisto por Bento XVI em 2007 e 2013.
No entanto, e contrariando a tradição, Francisco deixou ordens para um funeral menos vistoso, tal como privilegiou em vida. O cardeal argentino reformou os ritos fúnebres papais em 2024, tendo deixado explícita a vontade de ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para poder estar próximo da sua imagem favorita de Nossa Senhora.
O caixão será de madeira simples, ao contrário dos caixões triplos de cipreste, chumbo e carvalho dos seus antecessores, e não será colocado num catafalco na Basília de S. Pedro, contrariando também a tradição até agora.
Só após 15 dias da morte de Francisco é que se inicia o conclave, a reunião de cardeais que define o próximo líder da Igreja Católica. Também aqui houve mudanças recentes, mas à mão de Bento XVI: caso assim escolham, os cardeais podem arrancar com a reunião antes dos 15 dias definidos ou, no máximo, 20 dias após o óbito.
As reuniões decorrem na Capela Sistina e, com exceção do primeiro dia, quando só há uma votação, os cardeais votam duas vezes diariamente. A aprovação de um novo Papa só pode ocorrer com uma maioria qualificada de dois terços e, caso não haja sucessor ao fim de 13 dias, a corrida é limitada aos dois cardeais com mais votos – embora continue a ser necessária uma maioria qualificada.
Os cardeais estão expressamente proibidos de contactar o mundo exterior, sendo-lhes vedado o uso de telemóveis, internet ou quaisquer aparelhos eletrónicos com capacidade de estabelecer chamadas ou enviar mensagens.
A conclusão do processo é anunciada ao mundo com fumo branco, o resultado da queima dos boletins de voto dos cardeais juntamente com químicos especiais. Antes, os votos que não resultem em eleição são anunciados com fumo negro na chaminé da Capela Sistina.
Ao nomeado é pedido que aceite o cargo e defina o seu nome papal, sendo-lhe dada uma vestimenta branca em três tamanhos diferentes. A partir daqui o novo Papa recebe primeiro os cardeais já sentado no seu trono, onde lhe é prestada homenagem e reverência, antes de se dirigir aos fiéis na varanda da Basílica de S. Pedro, onde antes é anunciado que ‘Habemus Papam’.
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