O perfil da mulher em Portugal traçado pela Pordata, a propósito do Dia da Mulher que se comemora este sábado, 8 de março, mostra que as portuguesas estão na linha da frente do mercado de trabalho: 84% das mulheres entre os 25 e os 54 anos trabalham (média da União Europeia é 77%), o que dá ao país o quarto lugar na UE com taxa de emprego mais elevada. Nas mulheres-mãe, Portugal é terceiro, com 85%, atrás da Suécia e da Eslovénia.
A participação laboral feminina faz-se sobretudo a tempo inteiro, mas com precariedade: 17,7% tem um contrato de trabalho temporário. A insegurança no emprego sente-se sobretudo entre as mulheres da faixa dos 25 aos 34 anos em que quase uma em cada três tem contrato de trabalho a prazo. Também se sente entre as mulheres de nacionalidade estrangeira de fora da UE: 43,5% estão na empresa a prazo.
Existe uma diferença de ganhos entre homens e mulheres, em todas as profissões sem exceção, e penalizador para a população trabalhadora feminina. Na categoria de trabalhadores não qualificados, as mulheres representam 69% do total dos trabalhadores (face a 31% de homens).Em 2022, as mulheres tinham uma remuneração base média mensal de 1.054 euros por oposição aos 1.217 euros dos homens – menos 163 euros, representando um gender pay gap (GPG) de 13,2%.
Se olharmos para o ganho médio mensal, que inclui subsídios, prémios e horas extraordinárias, o fosso aumenta: 1.238 euros para as mulheres e 1.476 euros para os homens, um diferencial de 238 euros por mês (um GPG de 16% em desfavor das mulheres).
A diferença é proporcionalmente maior quanto mais elevado é o cargo. Como quadro superior, a mulher ganha, em média, menos 26% do que ganha o homem, uma diferença de 760 euros mensais. Quanto mais sobem na carreira, menos ganham em relação aos homens.
A presença feminina em cargos de liderança ainda é significativamente inferior à dos homens. Nos órgãos de decisão das empresas, havia menos de uma mulher para cada quatro homens (17%) em cargos seniores, o que coloca Portugal em 22º lugar entre os países da União Europeia.
Risco de pobreza. No geral, o risco é mais elevado nas mulheres do que nos homens; e em particular, mais elevado nas mulheres com 65 anos ou mais; e maior também nas famílias monoparentais com filhos, onde uma grande maioria – 90%, o adulto sozinho com as crianças é mulher.
Este facto, explica a Pordata, também é reflexo das pensões de velhice e invalidez, que, tal como acontece nos salários analisados acima, padecem de desigualdades penalizadoras das mulheres: nas pensões de invalidez há uma diferença de 67,8 euros e nas de velhice a diferença entre homens e mulheres é superior a 300 euros.
A vulnerabilidade feminina é maior nas famílias monoparentais, dado que cerca de nove em cada dez agregados monoparentais são formados por uma mulher que vive sozinha com filhos. Nestas famílias, o risco de pobreza é mais elevado: 31% das pessoas que integram esta tipologia de famílias vivem no limiar de pobreza: 632 euros para o adulto mais 189,6 euros por cada criança. A taxa global é 16,6%
Mulheres são 52%.Em Portugal, há 5,5 milhões de mulheres representando 52% da população, o que significa que por cada 100 mulheres existem no 92 homens, colocando o país em 4º lugar dos 27 da União Europeia (UE27) com menor número de homens por cada 100 mulheres. O cenário é, no entanto, diferente consoante os grupos etários: nos mais novos, dos 0 aos 4 anos, há mais homens do que mulheres, mas a proporção de mulheres aumenta gradualmente até aos 70-74 anos: 54,4% e a partir dos 100 anos, há quatro vezes mais mulheres do que homens.
Portugal é o 6º país da UE27 onde as mulheres têm o primeiro filho mais tarde, tendo o país subindo quatro posições no ranking em duas décadas. Em 2003 estava em décimo lugar.
A estrutura familiar mudou muito face às últimas décadas. Mais de metade (60) dos bebés nascidos em 2023 eram filhos de pais não casados e 17% nasceram em famílias onde já existiam meios-irmãos, ou seja, com pais com filhos de relações anteriores. Quanto aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, que superaram o milhar, em 2023, totalizando 1009 uniões, 46% foram entre mulheres.
Portugal é dos países da União Europeia com menor percentagem de jovens mulheres nem-nem (indicador que se refere aos jovens entre os 15 e os 29 anos que não estudam nem trabalham). São 8,9% no nosso país, em comparação com os 12,4% da média na UE27 e colocando-nos em 5º lugar dos países com menor proporção.
As mulheres apresentam menores taxas de abandono escolar em comparação com os homens e são maioritárias no ensino superior: 34% das mulheres entre os 25 e os 64 anos concluíram a licenciatura, em contraste com 25% dos homens. Na faixa etária dos 25 aos 34 anos, 48% das mulheres possuem um diploma universitário, contra 35% dos homens.
Saúde. m Portugal, as mulheres vivem mais do que os homens. Em 2023, uma mulher de 65 anos ainda tinha, em média, 21,1 anos de vida pela frente — três anos a mais do que um homem da mesma idade. No entanto, isso não significa que vivam com mais saúde. Após os 65 anos, em média, as mulheres podem esperar viver 7,3 anos sem problemas de saúde, enquanto os homens desfrutam ainda de 8,6 anos de vida saudável.
Um em cada cinco portugueses (população com 15 anos ou mais) é fumador, sendo a percentagem de mulheres fumadoras (16%) bastante inferior à dos homens fumadores (27%).
Ainda na área da saúde, mas do lado de quem participa nos cuidados, verifica-se que as mulheres são a grande maioria dos cuidadores informais, totalizando 13 800 e correspondendo a 84% do total, enquanto os homens são apenas 16%.
Emigração e viagens. Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais baixa taxa de emigração de mulheres, apenas atrás da Bulgária e da Eslováquia. Em Espanha, emigram 10 mulheres em cada mil e, no Luxemburgo, 24 (valor mais elevado da UE).
Menos de 50% das portuguesas viajaram em turismo em 2023, a quinta menor percentagem entre os países da UE. Na nossa vizinha Espanha, 70% da mulheres viajaram e nos Países Baixos quase 90%.
No que respeita ao desporto, as mulheres federadas representam um terço do total dos desportistas federados, quando há 20 aos eram um quinto. Desde 2003, as mulheres federadas aumentaram mais de três vezes, passando de 70 mil para mais de 240 mil.
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