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Multitasking: vantagens e desvantagens

Muitos já foram os estudos realizados que revelam que cada vez mais nos sentimos pressionados em conseguir arranjar tempo para fazer tudo o que precisamos. Normalmente atribuímos o stress e a falta de tempo para descansar às muitas horas de trabalho que cada situação profissional nos exige. A verdade é que o problema não se prende […]
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7 Fevereiro 2016, 22h01

Muitos já foram os estudos realizados que revelam que cada vez mais nos sentimos pressionados em conseguir arranjar tempo para fazer tudo o que precisamos. Normalmente atribuímos o stress e a falta de tempo para descansar às muitas horas de trabalho que cada situação profissional nos exige. A verdade é que o problema não se prende apenas na quantidade de tempo despendido a trabalhar mas há, também, outros factores que nos fazem sentir “aflitos” para termos mais tempo do que aquele que encontramos no dia-a-dia.

O desafio tem muito a ver com a intensidade que damos ao uso do nosso tempo. Hoje em dia tentamos compactar todos os momentos com muitas experiências e actividades – no trabalho, em casa e até nos tempos livres. Genericamente, quase todos temos sempre a sensação de ter de despachar assuntos e resolver situações de forma rápida. Ter tempo tornou-se a comodidade mais preciosa na sociedade ocidental. E é tão verdade que um estudo feito em 2015 pelo Wall Street Journal revela que 40% dos americanos acreditam que a falta de tempo é um problema superior à falta de dinheiro.

Havendo uma crescente preocupação nas pessoas por se sentirem cronicamente pressionadas para conseguir ter (mais) tempo, surgem várias estratégias para gerir cada momento. Uma das tendências é chamada de “time deepening”, conforme explicam John Robinson e Geoffrey Godbey no livro “Time for Life”. Partindo da premissa de que não é possível fisicamente esticar mais horas no dia, os autores sugerem preencher cada momento com a máxima intensidade. Uma das principais estratégias para conseguir aplicar “time deepening” é o conhecido multitasking. 

Vantagens:

  • Poupa tempo – Multitasking permite poupar tempo quando executamos tarefas simultaneamente. Exemplo: conversar com alguém ao telemóvel enquanto se cozinha.
  • Poupa dinheiro – Multitasking permite poupar dinheiro, especialmente em contextos profissionais. Em vez de se contratar mais pessoas para executarem determinadas tarefas, a tendência é contratar pessoas com polivalência e que possam executar várias actividades ao mesmo tempo.
  • Evita a procrastinação – Multitasking motiva as pessoas a fazerem mais coisas e a atingir os seus objectivos, até mesmo ao nível pessoal.

Ainda que fazer muitas coisas em simultâneo tenha vantagens, também existem consequências negativas.

Desvantagens:

  • Falta de atenção e perda de memória – Quando alternamos entre uma actividade e outra torna-se mais complicado focar a nossa atenção em cada situação e, por vezes, não chegamos ao resultado pretendido.
  • Performance cognitiva baixa – Zheng Wang, um professor da Universidade de Ohio, publicou um estudo que revela que multitasking faz com que os seus alunos sejam mais produtivos mas reduz as suas capacidades de se concentrarem para estudar.
  • Diminui a produtividade – Ao contrário do que se acreditava antigamente, alternar entre tarefas pode torná-lo menos produtivo. Sempre que o faz, o seu cérebro leva algum tempo a voltar a concentrar-se no que estava a fazer.

Nos tempos que correm, o ideal é ter um entendimento equilibrado sobre as vantagens e desvantagens do multitasking e utilizar esta técnica com bom senso. Não se deixar levar constantemente pelo frenesim do dia-a-dia mas reconhecer as mais valias de ser prático e rápido quando a situação assim o exige.

A melhor forma de cumprir com todas as tarefas diárias começa, sem dúvida, por se focar naquelas que são mais importantes e demoradas. Tarefas simples ou rápidas podem ser facilmente completadas e normalmente não requerem um nível de concentração muito elevado. Isto evita a perda de tempo de andar para a frente e para trás nas várias actividades a realizar.

No entanto, e como em tudo na vida, não há regras absolutas, pois há sempre vários factores que determinam a eficácia de cada estratégia. Factores como hábitos de trabalho e ética profissional devem ser considerados, assim como a natureza de um determinado emprego como um todo.

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