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Na luta contra impacto do vírus, BCE elimina limite por país na compra de ativos

No programa de compra de ativos lançado por Mario Draghi em 2015 para combater a crise das dívidas soberanas o BCE podia comprar até 33% da dívida emitida por cada país. No  Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP), lançado no dia 18 de março, esse limite já não será aplicado, permitindo ao BCE direcionar as compras com maior flexibilidade.
26 Março 2020, 10h44

O Banco Central Europeu (BCE) quer que a ‘bazuca’ de compra de ativos no valor de 750 mil milhões de euros para combater o impacto económico e financeiro do surto do Covid-19 tenha uma “transmissão suave” em todas as geografias da zona euro. Nesse sentido, eliminou esta quinta-feira o limite que tinha imposto a si próprio em relação à dívida que pode comprar por país.

“Na medida em que alguns limites auto-impostos possam dificultar as ações que o BCE deve tomar para cumprir seu mandato, o conselho de Governadores do BCE vai considerar revê-los na medida necessária para tornar a ação proporcional aos riscos que enfrentamos”, explicou no Boletim Económico. “O BCE não vai tolerar riscos à transmissão suave da sua política monetária em todas as jurisdições da zona euro”.

No programa de compra de ativos lançado por Mario Draghi em 2015 para combater a crise das dívidas soberanas, o Asset Purchase Programme (APP), o BCE podia comprar até 33% da dívida emitida por cada país. No Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP), lançado no dia 18 de março, esse limite já não será aplicado, permitindo ao BCE direcionar as compras com maior flexibilidade.

O BCE recordou esta quinta-feira que as últimas projeções do staff da instituição, divulgadas a 12 de março, reconheceram que a epidemia da Covid-19 está a piorar as perspectivas para a economia global. “Os desenvolvimentos desde a data sugerem que o risco negativo para a atividade global relacionada ao surto se materializou parcialmente, o que implica que a atividade global este ano será mais fraca do que o previsto nas projeções”.

O banco central reiterou que Conselho de Governadores está empenhado em desempenhar o seu papel no apoio a todos os cidadãos da zona euro neste período extremamente desfiante. “Para esse fim, o BCE garantirá que todos os setores da economia possam se beneficiar de condições de financiamento favoráveis que lhes permitam absorver esse choque. Isso se aplica igualmente a famílias, empresas, bancos e governos”.

Os bancos centrais à volta do mundo têm anunciado cortes nas taxas de juro e programas de compra de ativos para tentar estabilizar os mercados. A Reserva Federal já cortou a federal funds rate duas vezes este mês num total de 150 pontos base (para um intervalo de 0% a 0,25%) e disse que vai comprar os ativos “no montante necessário” para combater a falta de liquidez,  enquanto o Banco de Inglaterra cortou na semana passada a taxa de juro directora em 15 pontos base para 0,1% e aumentou o programa de compra de ativos em 200 milhões de libras para 645 milhões.

Esta quarta-feira, Mario Draghi que terminou o mandato de oito anos à frente do BCE no final de outubro, veio a público defender que os bancos devem emprestar dinheiro a custo zero às empresas de forma a salvar empregos durante a crise económica que se aproxima causada pela epidemia, em empréstimos que seriam assegurados através de garantias dos governos.

https://jornaleconomico.pt/noticias/draghi-bancos-devem-rapidamente-emprestar-dinheiro-a-custo-zero-as-empresas-para-salvar-empregos-566181

[Atualizada às 11h05]

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