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“Não há mais como escapar”. Como os políticos brasileiros reagiram à detenção de Michel Temer

A Polícia Federal brasileira deteve hoje de manhã Michel Temer e tenta cumprir outros mandados contra aliados do antigo Presidente brasileiro, numa ação a pedido dos investigadores da Operação Lava Jato do Rio de Janeiro. As reações não se fizeram esperar.
  • Michel Temer
21 Março 2019, 19h43

Políticos brasileiros reagiram em tom de comemoração e lamento após o anúncio da prisão do ex-presidente Michel Temer, realizada hoje pela polícia federal do país.

“O Brasil está mudando, a Justiça será para todos! Grande expectativa para o povo brasileiro, estamos no caminho certo! O Brasil será passado a limpo, Cadeia para todos aqueles que dilapidaram o património público brasileiro e envergonharam a política e o nosso povo!”, escreveu o senador Major Olímpio, líder do governo Bolsonaro na câmara alta parlamentar, na plataforma Twitter.

Alessandro Molon (Partido Socialista Brasileiro), um dos líderes que fez maior oposição ao Governo Temer na câmara baixa parlamentar do Congresso brasileiro, usou a mesma rede afirmar que “finalmente a Justiça começa a ser feita”.

“Por duas vezes, tentámos que Michel Temer respondesse por seus delitos durante o exercício da Presidência da República, mas ele usou seu cargo para impedir que as denúncias avançassem. Agora não há mais como escapar”, escreveu Molon.

Segundo o portal de notícias G1, o vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão, disse que “é muito ruim para o país ter um ex-presidente preso. E agora seguem as investigações”.

O “número dois” de Jair Bolsonaro também afirmou que a prisão de Temer não deve atrapalhar as votações no Congresso que são de interesse do Governo atual.

Dois candidatos derrotados nas últimas presidenciais brasileiras, Guilherme Boulos (Partido Socialismo e Liberdade) e Álvaro Dias (Podemos) também comentaram a prisão do antigo chefe de Estado.

“Olha [a prisão de Temer] é muito triste, mas é necessário e estava previsto, isso mostra também, ao contrário do que alguns imaginaram, que a operação Lava Jato está muito viva, presente, eficiente e assim é que deve continuar”, declarou Álvaro Dias.

Já Guilherme Boulos escreveu no Twitter que “Temer é um bandido, que já deveria estar preso há tempos. Existem provas contundentes contra ele, não meras ‘convicções’. Esperamos apenas que sua prisão não sirva para fortalecer xerifes de toga, que se consideram acima da lei, nem para desviar da crise do desgoverno de Bolsonaro”.

A Polícia Federal brasileira deteve hoje de manhã Michel Temer e tenta cumprir outros mandados contra aliados do antigo Presidente brasileiro, numa ação a pedido dos investigadores da Operação Lava Jato do Rio de Janeiro.

Michel Temer, o segundo ex-Presidente brasileiro a ser detido no espaço de um ano – o primeiro foi Lula da Silva, que cumpre pena de prisão -, está a ser investigado em vários casos ligados àquela que é considerada a maior operação de combate à corrupção na história do Brasil e que revelou um escândalo de grandes proporções de desvio de fundos da empresa petrolífera estatal Petrobras.

Em causa estão denúncias do empresário e dono da Engevix, José Antunes Sobrinho, que disse à Polícia Federal ter pagado um milhão de reais em subornos a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do Presidente Michel Temer.

Desde o seu lançamento, em março de 2014, a chamada investigação Lava Jato levou à prisão empresários e políticos, incluindo o ex-Presidente Lula da Silva.

Durante o mandato presidencial, o Ministério Público pediu por duas vezes ao Supremo Tribunal a abertura de processos por corrupção contra Temer, mas o Congresso brasileiro negou sempre autorizar os procedimentos necessários.

Todas as acusações ficaram, por isso, pendentes do fim da imunidade de Michel Temer, o que aconteceu quando deixou a Presidência da República do Brasil no final de 2018, após dois anos e meio de mandato.

 

 

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