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“Não sou herói. Sou enfermeiro”. Sindicato quer profissionais a enviar emails para o Governo e partidos

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) propõe que estes profissionais enviem um email, intitulado “Não sou herói. Sou enfermeiro”, ao primeiro-ministro, à ministra da Saúde e a todos os grupos parlamentares, exigindo respostas urgentes e concretas aos problemas da profissão.
9 Setembro 2020, 12h34

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) propõe que estes profissionais enviem um email, intitulado “Não sou herói. Sou enfermeiro”, ao primeiro-ministro, à ministra da Saúde e a todos os grupos parlamentares, exigindo respostas urgentes e concretas aos problemas da  profissão.

Segundo o SEP, está em causa a discriminação entre enfermeiros (Contratos Individuais de Trabalho e Contrato de Trabalho em Funções Públicas), a contabilização incorreta de pontos, a avaliação do Desempenho de 2017-2018 por resolver, muitos enfermeiros especialistas fora da categoria, compensação pelo risco e penosidade da profissão (onde se inclui a aposentação) e admissão de mais enfermeiros.

“Os decisores políticos têm que ser inundados de e-mails de enfermeiros e enfermeiras, exigindo respostas urgentes e concretas aos problemas da nossa profissão”, propõe-se o SEP, através do envio automático de mensagens de correio eletrónico dirigidos às principais instâncias decisoras, num formulário disponível no seu site.

Num comunicado publicado no seu site, o SEP explica como deverá ser feito o apelo aos enfermeiros para participarem nesta “ação de pressão”. O sindicato esclarece que, preenchendo apenas o formulário com o nome e endereço eletrónico, será automaticamente enviado um e-mail, em nome do subscritor, à Comissão Parlamentar da Saúde, a todos os grupos parlamentares, à ministra Marta Temido e a António Costa.

No modelo de email que o SEP propõe “inundar” os decisores políticos, pode ler-se: “Dirijo-me a V. Exas., porque não sou herói! Sou responsável, resiliente, corajoso. Disponibilizo a minha força de trabalho, os meus conhecimentos, anos de estudo e de formação para dar resposta às necessidades em saúde dos portugueses”.

Logo a seguir é assinalado que “ há problemas que têm solução desde que V. Exas. assim o queiram”. E são dados exemplos: “podem decidir considerar os meus anos de trabalho transformando-os em pontos, apesar de eu ser um CIT ou um CTFP ou do ajustamento salarial nos 1.201 euros”. Na comunicação que cada enfermeiro deverá enviar segue-se outro exemplo: “ podem decidir negociar uma carreira que valorize os cuidados gerais e/ou especializados que presto e as áreas de gestão e de assessoria”.

Fica ainda o apelo para que os decisores políticos decidam “novos critérios para a aposentação porque V.Exas sabem que a minha profissão é de risco e de penosidade e, manter-me a trabalhar até quase aos 67 anos de idade é desumano”. E é deixado um quarto exemplo: “ podem decidir acabar com a minha sobrecarga de trabalho admitindo mais colegas para que não tenha que fazer horas a mais, não tenha feriados por gozar e possa ter tempo, também, para a minha família”.

Nos emails propostos pelo SEP, é deixa ainda uma palavra aos deputados: “também me dirijo a vós porque as Petições do meu sindicato – SEP – que assinei originou projetos de lei que serão votados em setembro. Vou estar atento ao vosso sentido de voto porque ele demonstrará se V. Exas. estão disponíveis para resolver estes meus problemas e os da Enfermagem”.

No modelo de email, o texto termina com os enfermeiros a reafirmarem: “Não sou herói, sou enfermeiro. Não quero prémios. Quero que me valorizem”.

Enfermeiros exigem progressão na carreira de 20 mil profissionais

No final de junho, o SEP exigiu ao Governo respostas para o setor, nomeadamente para a progressão de carreiras de cerca de 20 mil profissionais.

“A pandemia da Covid-19 só veio demonstrar como os enfermeiros foram e são importantes na resposta a dar aos cidadãos por parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Da população aceitamos as palmas. À sociedade não pedimos reconhecimento, é a nossa missão. Mas ao Governo exigimos opções”, disse, na altura, a coordenadora da direção Regional do SEP, Fátima Monteiro, em declarações aos jornalistas à porta do Hospital de São João, no Porto.

Esta responsável frisou que as s expectativas têm sido “totalmente goradas”, tendo sido sinalizado que a Assembleia da República vai discutir em setembro as petições dos enfermeiros, mas que “compete ao Governo encontrar soluções e não à Assembleia da República”.

A coordenadora da direção Regional do SEP falou de uma “revolta de anos”, sublinhou que o setor “sofre com falta de profissionais” e lamentou que “quem é agora admitido só o consegue por vínculo precário”. “O descongelamento das progressões foi usado na última campanha de forma política, tendo sido dito que o descongelamento iria resolver problemas e os mais beneficiados seriam os enfermeiros. Não. Estão a ser muito prejudicados e mais de 20 mil enfermeiros aguardam o descongelamento”, adiantou Fátima Monteiro.

O SEP critica ainda o valor de 1.201 como ordenado mínimo da profissão, mas recorda que este valor é o de “acesso à profissão”, pelo que “não pode ser considerado como pontos para descongelamento (de carreira)”, querendo evitar “injustiças” como “a de um colega que comece a trabalhar ganhe o mesmo que profissionais com 20 anos de carreira”.

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