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NATO: Turquia exige entrar na União Europeia para aceitar a Suécia na Aliança

É uma verdadeira surpresa: o presidente da Turquia, em viagem para a cimeira da NATO, atirou para a União Europeia o ónus de resolver o problema da entrada da Suécia na NATO. Coação? Tem todo ar disso.
Recep Tayyip Erdogan
10 Julho 2023, 12h35

Aviões F-16? F-35? Helicópteros de última geração? Nada disso: a Turquia só levantará o embargo à entrada da Suécia na NATO se a União Europeia aceitar – ao cabo de duas décadas ou mais – a adesão do país à União Europeia. A Turquia e o seu presidente, Recep Erdogan, produzem assim uma muito surpreendente reivindicação e ‘atiram’ para a Comissão Europeia o ónus de resolver o problema.

É verdade que Erdogan nunca deixou de dizer que a entrada na União Europeia era uma pretensão, mas não deixa de ser verdade à mesma que essa vontade deixou de figurar no topo da agenda com que o presidente se apresentou (e ganhou) às eleições de maio. Me tal forma, que foi o seu opositor a tomar em mãos essa vontade. Para os analistas europeus, a vitória de Erdogan – num contexto em que a Comissão tendia a apoiar o seu opositor, Kemal Kiliçdaroglu – retirava essa pressão sobre a União Europeia: o presidente já sabia que o seu caminho para a Europa estava vedado.

As palavras de Erdogan constituem assim uma enorme surpresa. A Turquia é candidata à União Europeia desde 1999, mas as negociações entre Bruxelas e Ancara enfrentam um impasse há cinco anos. A caminho de Vílnius, onde irá participar na cimeira da NATO, Erdogan manifestou a condição para levantar o veto à Suécia.

“Primeiro abram caminho para a entrada da Turquia na UE e depois abriremos caminho para a Suécia”, disse Erdogan, citado pela AFP, momentos antes da partida para Vílnius, onde decorrerá a cimeira da NATO.

Esta será uma das condições que Erdogan coloca para levantar o veto à Suécia. O presidente da Turquia lembrou ainda que a adesão da Suécia está dependente da implementação do acordo alcançado no ano passado, na cimeira de Madrid.

A decisão de Erdogan baralha dois tabuleiros ao mesmo tempo: o da NATO e o da União Europeia. Resta saber que resposta dará a Comissão – sendo certo que não é credível que a União vá aceitar semelhante alteração de fundo no seu quadro institucional para responder a uma verdadeira armadilha de Ancara.

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