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Audiovisual: 70% das empresas portuguesas espera aumentar volume de negócios internacional

Mais de metade do volume de negócios do setor audiovisual gerado em 2017, em Portugal, resultou da atividade de produtores independentes.
14 Março 2019, 09h20

A  empresa EY lançou, em parceria com a APIT (Associação de Produtores Independentes de Televisão), a primeira edição do anuário do setor da produção audiovisual em Portugal, onde são abordadas as principais tendências do setor, quer a nível internacional ou nacional.

Mais de metade do volume de negócios do setor audiovisual gerado em 2017, em Portugal, resultou da atividade de produtores independentes. Destes produtores, cerca de 80% dedica-se à produção de obras transmitidas em televisão, sendo que 94% do volume de negócios é gerado por produtores independentes de televisão associados da APIT. Face a dados de 2013, o número de trabalhadores no setor aumentou 15%, o volume de negócios 5,2% e as exportações uns significativos 15,4%.

Segundo dados do Eurostat referentes a 2016, o volume de negócios das empresas portuguesas, cuja atividade principal é a “produção de filmes, vídeos e de programas de televisão”, foi de 0,8%. Este resultado pode ser explicado pela pequena dimensão do mercado doméstico e pela fraca internacionalização que a produção portuguesa registou.

O estudo realizado pela EY salienta que a produção de conteúdos audiovisuais em território nacional dispõe de um quadro restritivo de apoios. Em 2017, os apoios concedidos pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) para o setor audiovisual de televisão foram de 3,3 milhões de euros. A ficção e os filmes destinados à televisão foram os projetos com maior relevo nos apoios concedidos à produção audiovisual.

Quando questionadas sobre o futuro próximo, 20% das empresas espera que o aumento do consumo em multi-plataforma tenha um impacto positivo na sua atividade enquanto 56% considera que a inovação de produto e formato são cruciais na sua estratégia. Cerca de 70% das empresas espera aumentar o volume de negócios internacional durante o próximo ano.

Nesta primeira edição, a nível internacional, destaca-se o aumento do consumo de conteúdos audiovisuais na internet, devido às redes sociais, que tem promovido a entrada de empresas tecnológicas na transmissão de conteúdos, estando a verificar-se um número significativo de aquisições de conteúdos premium por parte de grandes empresas tecnológicas como a Amazon e Netflix. A queda de subscritores dos serviços por cabo está a tornar-se numa realidade nos EUA e será uma das tendências futuras na Europa com a entrada de novos serviços e com as gerações mais novas a deslocarem o seu consumo de conteúdos audiovisuais da televisão para outras plataformas, como já se começa a observar.

Outra tendência registada no universo audiovisual é o consumo em cross-plataform e off-plataform, uma vez que o consumo de conteúdos está a ser feito cada vez mais através de aparelhos eletrónicos, uma realidade presente em programas televisivos com grandes níveis de audiência. Por outro lado, o alargamento da oferta passa ainda pela disponibilização de conteúdos offline, possibilitado pelo aumento da capacidade de armazenamento dos dispositivos eletrónicos.

Verifica-se igualmente uma maior orientação dos serviços por procura para a produção de originais, com players com maior penetração no mercado como a Netflix, que se encontram a apostar cada vez mais na produção de conteúdos originais. Verifica-se ainda uma aposta em produções locais, para fazer frente a questões regulamentares e especificidades do consumidor. Algumas destas tendências estão a dar origem a outras, entre elas a verticalização da cadeia de valor e o serviço ao consumidor.

“Com as operadoras de televisão a depararem-se com várias plataformas OTT (over the top), a distribuir conteúdos com qualidade a preços baixos, começou a verificar-se uma tendência de concentração vertical de produtores e distribuidores de conteúdos com o intuito de apresentar ofertas mais competitivas. Um bom exemplo deste caso a nível nacional foi a tentativa de aquisição da Media Capital pela Altice. Mas o impacto desta tendência na produção audiovisual independente é incerta” comenta Hermano Rodrigues da EY.

A televisão já não possui a fatia mais importante das receitas publicitárias, tendo sido ultrapassada pelo digital, apesar de em Portugal, esse cenário ainda não se verificar. A diminuição das receitas publicitárias coexiste com um aumento da exigência na qualidade dos conteúdos produzidos e com uma maior fragmentação do consumo.

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