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Novo líder ‘de facto’ da Síria diz que marcação de eleições pode levar quatro anos

Abu Mohammed al-Jolani, que tem vindo a usar agora o seu nome verdadeiro, Ahmed al-Shara’a, numa tentativa de afastar o seu passado jihadista, falou na necessidade de refazer o sistema legal e jurídico do país e de levar a cabo um recenseamento antes de qualquer ato eleitoral.
Abu Mohammed al-Jolani
30 Dezembro 2024, 10h06

O líder dos rebeldes sírios Hayat Tahrir al-Shams (HTS) sinalizou que a marcação de eleições no país pode demorar até quatro anos, enquanto uma nova constituição será tarefa para, pelo menos, três anos.

Numa entrevista com a Al Arabiya, canal detido pelo Estado saudita, Ahmed al-Shara’a, o nome verdadeiro de Abu Mohammed al-Jolani que o líder paramilitar agora tem vindo a usar numa tentativa de se afastar da imagem de jihadista, projetou ainda que possa demorar até um ano para que os sírios vejam mudanças reais e palpáveis na sua vida após a queda do regime de Bashar al-Assad.

Al-Shara’a admitiu ainda a necessidade de refazer o sistema legal e jurídico do país e de levar a cabo um recenseamento sério, tudo passos necessários para organizar eleições livres e democráticas.

Este é mais um passo na tentativa de rebranding de al-Jolani e do HTS após anos de extremismo e terrorismo. A organização, que deriva do ramo da Al Qaeda na Síria durante a guerra civil no país, a Al Nusra, tem procurado garantir ao Ocidente que não constitui uma ameaça para a região ou para os direitos humanos na Síria, mas é ainda incerta a verdadeira intenção política dos líderes do movimento.

Al-Jolani tem repetidamente garantido que as minorias étnicas e religiosas (abundantes na Síria) estarão seguras sob o novo governo, embora sem especificar que medidas serão tomadas para garantir esta segurança.

Até agora, episódios esporádicos de violência sectária têm sido reportados em várias zonas do país, desde as execuções sumárias de colaboradores do regime de Assad nas cidades costais do Ocidente do país até à tensão na fronteira com os territórios controlados pelos curdos, apoiados pelos EUA.

Al-Shara’a garantiu que o HTS, organização designada como terrorista por boa parte da comunidade internacional, será desmantelado numa conferência sobre o futuro nacional, mas sem adiantar detalhes. Por outro lado, o líder de facto do país atualmente pediu aos EUA que levantem as pesadas sanções que asfixiam a economia síria, enquanto reconheceu os interesses comuns com Moscovo, um dos principais aliados de al-Assad na última década.

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