[weglot_switcher]

Novo Parlamento Europeu é 22% ‘autofágico’

Não são um terço, como indicavam algumas sondagens, mas o número de eurodeputados que quer arrasar com a União Europeia tal como ela é, não é despiciendo.
27 Maio 2019, 10h50

O número de eurodeputados eleitos este domingo pelas forças que se vão concentrar nas fmílias eurocéticas ou anti-europeias é, em princípio, de 171 lugares, de onde resulta que estas forças políticas vão ocupar um pouco mais de 22% do hemiciclo. Os resultados ficam entre o intervalo que as sondagens anunciavam como possível – entre os 20% e os 30% – mas o certo é que ficam próximos do tecto mínimo, o que não é de todo considerável um grande desempenho.

A expectativa era a possibilidade de o euroceticismo e o anti-europeísmo agregar cerca de um terço da nova composição do Parlamento Europeu, o que acabou por não se verificar. Com os europeístas a respirarem de alívio – pelo menos nos próximos cinco anos – o certo é que as forças do Parlamento Europeu que querem acabar com o próprio parlamento deixam de poder ser consideradas com desprezo.

A partir de agora, as famílias tradicionais sabem que os eurocéticos estarão em pleno parlamento a monitorizar as peripécias que as duas grandes famílias, PPE e PSE, vão produzir para levar a União Europeia em frente.

Merece também destaque a nova família dos liberais – que deverá crescer um pouco acima dos 100 lugares, muito pelo contributo da Em Marcha, do presidente francês Emmanuel Macron, um dos derrotados da noite eleitoral. A sua nova musculatura torna também a ALDE uma força que não pode ser desprezada, tanto em termos de políticas, como de atribuição de lugares na composição da próxima Comissão Europeia e do Conselho Europeu.

É possível que Macron e a ‘sua’ ALDE acabem por conseguir transformar Michel Barnier, até agora líder do lado de Bruxelas nas negociações para o Brexit, no próximo presidente do Conselho Europeu, em substituição de Donald Tusk – assim como Manfred Weber deverá ser o próximo presidente da Comissão Europeia. Talvez, mas é um ‘talvez’ com muitas dúvidas, a família socialista consiga manter a presidência do próprio Parlamento.

E o Brexit?

Nas ilhas britânicas as eleições foram um sufoco. Theresa May e o Partido Conservador praticamente eclipsaram-se e os trabalhistas de Jeremy Corbyn portaram-se melhor, mas não muito. As indicações dadas pelo eleitorado britânico parecem ir no sentido de dizerem aos deputados da Câmara dos Comuns que querem mesmo sair da União Europeia e que estão fartos do imbróglio em que os políticos os meteram, ao cabo de quase três anos de negociações com Bruxelas.

Resta saber o que vai Nivel Farage, líder do novo Partido Brexit, fazer com a vitória que conseguiu. Será de recordar que Farage também ganhou as eleições de 2014, na altura com o UKIP – mas, nas eleições gerais seguintes, o partido de extrema-direita praticamente desapareceu do mapa político britânico, o que determinou a saída do próprio Farage.

É por isso, por causa deste histórico recente, que os analistas parecem ter dificuldade em perceber as indicações dos eleitores britânicos. De qualquer modo, nada indica que os que querem permanecer na União tenham ganho qualquer trunfo no final da passada quinta-feira (o dia em que os britânicos votaram).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.