Os constrangimentos sentidos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) agudizaram-se no último ano, tendo o número de utentes em lista de espera para primeiras consultas e inscritos para cirurgias voltado a aumentar, alerta o Conselho das Finanças Públicas, num relatório divulgado esta quarta-feira.
De acordo com essa análise, depois dos desafios colocados pela pandemia, o ano de 2021 tinha sido de retoma na generalidade das áreas assistenciais do SNS, mas o ano de 2022 acabou por se caracterizar por um novo agravamento de “determinados constrangimentos já patentes” no período pré-Covid-19.
Por exemplo, nos cuidados de saúde primários, registou-se um maior número de utentes sem médico de família, sendo este um fator “que pode condicionar de forma desfavorável o acesso a serviços de urgência e internamento, uma vez que os utentes poderão não ter o devido acompanhamento atempado, contribuindo para a deterioração dos cuidados hospitalares”, alerta o CFP.
Aliás, o Conselho das Finanças Públicas sublinha que essa situação já teve como consequência, direta e indiretamente, o aumento das listas de espera, tanto de primeiras consultas como de inscritos para cirurgias, no último ano.
De notar que em 2022 até houve um aumento das primeiras consultas hospitalares realizadas (mais 138 mil do que em 2021), mas não foi suficiente para responder ao acréscimo dos pedidos, tendo a lista de espera, consequentemente, ficado mais longa.
“Os pedidos de primeiras consultas não concluídos (583 mil) registaram um aumento de 11,1% face a 2021 (+58 mil utentes em espera)”, destaca o CFP.
Também no que diz respeito às cirurgias, houve um aumento do volume de operações realizadas (673 mil), mas o número de utentes em lista de inscritos continuou a aumentar (para 235 mil, face a 210 mil utentes em 2021).
“Em sentido contrário, com um desempenho favorável face a 2021, destaca-se a melhoria do tempo médio de espera dos operados (2,9 meses, face a 3,2 meses em 2021) (Gráfico 3, painel direito)”, ressalva, ainda assim, o CFP.
O relatório divulgado esta quarta-feira dá conta, por outro lado, de uma melhoria do défice do SNS em 2022, mas o CFP alerta que há riscos que continuam a condicionar o desempenho atual e a sustentabilidade futura desse sistema.
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