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O país do futuro abre a porta a empresas portuguesas

Internacionalização a O líder da ApexBrasil destaca que os investimentos na área da transição energética são chave para as companhias nacionais entrarem no maior país lusófono. Por outro lado, defende que Portugal é muito interessante para as startups canarinhas se instalarem e prosperarem.
27 Setembro 2024, 22h45

Oneto de um português de Aveiro que emigrou para a Amazónia é hoje o líder da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Acabado de aterrar em Lisboa vindo de Nova Iorque, Jorge Viana (1959) dormiu apenas duas horas e meia no voo noturno transatlântico. As viagens constantes fazem parte da vida de presidente da ApexBrasil. Depois de Lisboa, seguiu para a Alemanha e depois a Bélgica.

Nos Estados Unidos, esteve nas Nações Unidas e na Universidade Columbia, sempre com o objetivo de vender a marca ‘Brasil’ e provar que o país está preparado para receber investimento estrangeiro, depois da presidência Bolsonaro e com o regresso de Lula da Silva ao poder. Por outro lado, também serve como embaixador das empresas brasileiras no exterior, que têm de competir num feroz mercado internacional. Pelo meio, ainda conseguiu na ‘Grande Maçã’ correr 8 km no Central Park de Manhattan e andou 19 km a pé pela cidade para evitar o trânsito devido ao bulício com a Assembleia-Geral da ONU.

Em Lisboa, esteve reunido com o ministro da Economia Pedro Reis: “o nosso propósito é estreitar muito a relação entre oBrasil e Portugal. Não existem dois países no mundo que tenham tanta proximidade. Isso precisa de ser aproveitado e transformado em negócio. A nossa relação é familiar; estende-se para a cultura e precisa de crescer nos negócios. Temos de ter muitos acordos”.

Questionado sobre sectores em Portugal que sejam interessantes para empresas canarinhas, destaca que o país tem um “ecossistema de startups muito interessante, que é um dos maiores no mundo”, adiantando que o Brasil vai ter uma presença com maior peso na Web Summit este ano. “Um dos focos do escritório da Apex aqui é trabalhar com incubadoras de startups, ampliando essa convivência e associando o Brasil um pouco nesse sucesso português”.

Jorge Viana também salientou as que considera ser as principais áreas de interesse para empresas portuguesas investirem no Brasil, apontando como mais-valias a energia verde, abundante e barata. “Se pensar na produção de hidrogénio verde, o Brasil é o local certo porque é preciso muita energia. Se pensar em tecnologia, como os centros de dados, também pensa no Brasil porque também consomem muita energia. Se pensarmos na nova indústria mundial – carro elétrico, semicondutores -, o Brasil é um país que existe sempre a primeira, a segunda ou terceira reserva de minerais críticos do mundo”.

OBrasil é assim um país “para as empresas portuguesas se instalarem e processarem esses produtos, porque não queremos ser apenas fornecedores – como aconteceu com o ouro, o ferro ou o pau brasil -, queremos que haja processamento”.

No campo da transição energética, das novas indústrias e dos minerais críticas, o gestor considera que estes são “espaços extraordinários” em que “certamente empresas e investidores de Portugal” podem apostar nesta “nova fase que estamos a inaugurar no Brasil”.

Para atrair investimento estrangeiro e garantir estabilidade para novas empresas, o Governo de Lula da Silva tem dado passos legislativos e regulatórios. “Depois de quase 30 anos, está a sair uma reforma tributária que facilita a chegada de empresas, que estabelece regras que são duradouras e que tragam segurança jurídica para as empresas”, começou por explicar. Por outro lado, salientou que o Brasil aprovou a criaçãoo do mercado de carbono e que estão previstas mais peças legislativas para a ambição nas eólicas offshore (marítimas).

A Casa do Brasil em Lisboa, da Apex, vai abrir em 2025 e vai contar com várias valências de apoio ao investimento.

Licenciado em engenharia florestal pela Universidade de Brasília, começou a sua carreira política como prefeito (autarca) de Rio Branco, a capital do estado amazónico do Acre. Depois, foi governador deste estado e também senador pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Apesar de não ser a sua área de influência, o líder da Apex comentou a polémica que opõe o líder da rede social X ao juiz Alexandre Moraes do STF.

“Elon Musk nega-se a cumprir o básico das regras da vida democrática: quem se sentir atingido por mentiras, ou por ações criminosas que afetam a reputação de pessoas ou de empresas, ter um sítio para onde recorrer. Eles defendem uma espécie de terra sem lei. A censura é uma coisa inadmissível, mas são necessárias regras para uma boa convivência, neste mundo novo de redes sociais”, rematou.

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