A oferta de casas para arrendar no terceiro trimestre de 2024 subiu 61% face ao mesmo período de 2023, segundo uma análise de dados do ‘idealista’. Ao JE, Ruben Marques, responsável do marketplace imobiliário, revela que tal facto pode dever-se a fatores como a ligeira redução de impostos para senhorios, que incentivou a disponibilização de mais imóveis no mercado de arrendamento, assim como ao maior investimento em renovação de casas para colocá-las no mercado de arrendamento.
Neste aumento de oferta, destacou-se Viseu, com um crescimento expressivo de 110%, seguindo-se Viana do Castelo (82%), Porto (82%), Faro (80%), Braga (77%), Funchal (77%), Lisboa (65%), Santarém (56%), Aveiro (55%) e Évora (53%). Em sentido contrário, o stock diminuiu em Bragança (-19%), Portalegre (-18%), Ponta Delgada (-6%) e Guarda (-5%).
“Com as rendas elevadas, cresce também a procura por quartos em vez de casas inteiras, como uma forma mais acessível de habitação. Todos estes fatores refletem um mercado de arrendamento que está a tentar ajustar-se, com mais opções para os arrendatários, mas ainda enfrentando desafios relacionados aos preços elevados e à procura ajustada”, refere Ruben Marques.
Por outro lado, o responsável salienta que, com os preços das casas a subir constantemente em Portugal, o mercado de arrendamento tornou-se a solução mais acessível e, para muitos, a única opção viável.
“Muitos potenciais compradores enfrentam dificuldades para adquirir um imóvel devido aos elevados preços de venda e às exigências financeiras necessárias para a entrada de um crédito à habitação. Neste cenário, o arrendamento surge como uma alternativa prática, permitindo que as pessoas tenham acesso à habitação sem a necessidade de um grande investimento inicial”, sublinha Ruben Marques.
A decisão do Governo de não descongelar as rendas protege, por um lado, os inquilinos de contratos antigos, mas, por outro, limita a oferta de novos imóveis no mercado de arrendamento.
“Sem a possibilidade de atualizar rendas antigas, muitos proprietários preferem manter os imóveis fora do mercado, o que reduz a oferta e mantém os preços elevados para novos contratos. Assim, a medida ajuda alguns, mas torna o arrendamento menos acessível para quem está à procura de casa agora, exacerbando a crise de habitação em áreas como Lisboa e Porto”, realça o responsável do ‘idealista’.
Apesar da subida anual de 5,1% em outubro, as rendas das casas em Portugal desaceleraram pelo sexto mês consecutivo. Contudo, e mesmo com esta desaceleração nos preços, o valor do m² em Portugal, no mês de abril, continua idêntico ao registado em outubro: 16,1 euros/m².
Em Lisboa, as rendas ficaram 5,3% mais caras e, no Porto, esse encarecimento foi mais expressivo: 6,1%. Évora (-3,6%) foi a capital de distrito onde os preços das rendas mais desceram, seguida por Aveiro (-1,4%).
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