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Ondas de Carcavelos vão chegar a 107 países. Prova de surf sem data marcada irá render 10,8 milhões de euros

Até 17 de março, a organização da Capítulo Perfeito espera pelo melhor dia de Inverno para surfar as ondas grandes e tubulares da praia de Carcavelos, em Cascais. Evento é transmitido para 107 países e tem um retorno global de 10,8 milhões de euros para os próximos dois anos. O JE falou com Rui Costa, mentor e organizador da prova.
14 Fevereiro 2022, 18h20

Pode acontecer até dia 17 de março e vai levar os melhores “tube riders” nacionais e internacionais à Praia de Carcavelos, em Cascais, assim que se proporcionar o melhor dia do inverno, com ondas grandes e tubulares. Depois de um ano de interrupção, devido às restrições de viagens causadas pela pandemia de Covid-19 que não permitiam trazer os melhores surfistas em 72 horas, este ano será possível privilegiar o tubo, considerada a manobra-rainha do surf.

Para os próximos dois anos, espera-se que este evento tenha um retorno global de 10,8 milhões de euros entre os valores da transmissão da prova através da FuelTV, dos media partners, outdoor e cliping e ainda as exibições do documentário e presença em festivais.

Em entrevista ao JE, Rui Costa, mentor e organizador do evento, falou do investimento, do retorno esperado, dos desafios que se colocam à implementação do evento que não tem data marcada para acontecer e como este tipo de competições colocam Portugal como o principal destino mundial de surf. Este evento com o apoio institucional do Turismo de Portugal e da Câmara Municipal de Cascais.

Quais são os maiores desafios de organizar um evento como este?

Devido à pandemia, tivemos que fazer uma gestão financeira do evento até ao princípio do ano. Este é um evento internacional e que conta muito com os surfistas que vêm de fora do país e como tal, tivemos que fazer uma gestão baseada no alívio das restrições. Trabalhamos muito com patrocinadores privados, com o Estado (Câmaras Municipais e Turismo de Portugal) e há sempre uma gestão com estas entidades para que o evento seja viável financeiramente. Depois do evento ser lançado, começamos a fazer a implementação do evento e das marcas que o acompanham e principalmente da parte de previsão. O trabalho está todo feito e de há uma semana e meia para cá que temos tudo preparado. Ou seja, ao mínimo alerta, todas as entidades estão preparadas para quando houver um “call”, cada um sabe o que tem de fazer.

O que é que este evento vende para fora de Portugal?

Vende Portugal como destino de surf, condições de mar muito boas, vende Portugal porque depois os surfistas são convidados a manterem-se cá para experimentar o que temos ao nível de gastronomia e cultura, as ondas de Cascais e de outros pontos do país. Para além do evento, temos estas experiências paralelas que fazem esta ligação e que viabilizam o investimento que é efetuado. Transmitimos o evento para 107 países, em três idiomas e toda a comunicação que fazemos sobretudo de cariz internacional para meios de grande destaque ao nível do surf, de desporto e alguns generalistas.

É fácil vender um evento que não tem dia marcado?

Quando falamos em investimento nacional, há muito que passa pela ativação que as marcas podem fazer no dia do evento. Naturalmente que essa ativação diminui a partir do momento em que a mesma é feita durante a semana. Apesar disso, costumamos ter cinco mil pessoas que estão fisicamente na praia no dia do evento: é muito bom para um evento que não tem data marcada. Este evento tem a particularidade de dar visibilidade às marcas muito para além do dia em que acontece. Como há um período de espera, temos um plano de comunicação que é muito agregador e que gera retorno ao longo do período de espera: conteúdos, novidades, apresentamos os atletas um período de votação durante uma semana. São criados vários momentos de comunicação sempre com as marcas associadas. Este é um evento que tem uma componente digital muito forte. Quando chegamos à praia já temos o retorno dado.

O surf pode ajudar a trazer turistas de volta a Portugal naquela que se espera que seja a retoma desta atividade?

Tendo em conta os valores do investimento (50 mil euros para a estrutura do evento e 150 mil euros para viagens, comunicação e transmissão) e para o retorno que gera, este é talvez o maior investimento de todos. Em Portugal, temos as melhores condições de surf do mundo. Quando se promove o melhor dia de Inverno para o mundo, acredito que isso seja um chamariz para todo o mundo. A prova está no crescimento dos turistas de surf em Portugal, da abertura de escolas de surf no nosso país, etc. Os promotores de surf em Portugal, a Capítulo Perfeito e os outros, temos conseguido colocar Portugal como destino premium da prática do surf.

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