A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou nesta quarta-feira, 10 de dezembro, uma organização criminosa transnacional de branqueamento de capitais da evasão fiscal, que tem como epicentro a zona de armazéns da Varziela, em Vila do Conde, mais conhecida como “Chinatown”.
A Operação “Cash-a-lot” deu origem a 67 buscas, tendo levado a sete detenções, entre as quais um empresário de origem chinesa, suspeito de ser o arquiteto da organização criminosa que em apenas 24 meses fez depósitos em numerário no montante superior a 141 milhões de euros, num total movimentado, através das “conta veículo” de 209 milhões de euros.
Na mira da justiça estão suspeitas dos crimes de associação criminosa, branqueamento, fraude fiscal e falsificação de documentos, praticados pela rede milionária controlada por cidadãos nacionais e estrangeiros.
“A Polícia Judiciária, através da Diretoria do Norte, realizou hoje uma operação policial para dar cumprimento de 67 mandados de busca, pela presumível prática dos crimes de associação criminosa, branqueamento, fraude fiscal e falsificação de documentos, praticados por uma organização de carácter transnacional, controlada por cidadãos nacionais e estrangeiros”, avança a PJ em comunicado.
Na sequência das buscas realizadas nos municípios de Espinho, Paredes, Póvoa de Varzim, Porto, Valongo, Vila do Conde, Vila Franca de Xira e Vila Nova de Gaia, foram constituídos arguidos 45 pessoas singulares e coletivas e detidos sete suspeitos.
Segundo a PJ, “a organização em causa utilizava o sistema bancário nacional para sustentar o processo de branqueamento, procedimento alicerçado na criação sucessiva de sociedades e contas bancárias tituladas pelas mesmas, por onde fluem as vantagens na sua maioria provenientes da prática do Trade Based Money Laundering (processo para disfarçar lucros de atividades ilícitas como se fossem fundos legítimos, utilizando transações de comércio internacional para ocultar a origem do dinheiro)”.
Os montantes provenientes de origem criminosa, depositados continuamente nas contas bancárias criadas para o efeito, eram depois transferidos para contas correspondentes domiciliadas em países europeus terceiros. Em causa estão valores “astronómicos”, segundo a investigação, face aos montantes agora detetados na conta veículo do empresário de origem chinesa, suspeito de ser o arquiteto da organização criminosa, detido nesta quarta-feira.
“No espaço de 24 meses, a investigação apurou a existência de depósitos em numerário no montante superior a 141 milhões de euros, num total movimentado, através das “conta veículo” de 209 milhões de euros”, avança a PJ. Estes valores podem, assim, ser apenas a ponta do iceberg, face aos valores apurados apenas numa conta do empresário chinês e no espaço temporal de 24 meses, podendo ser muito maiores se a investigação alargar este espaço temporal e detetar ainda outras contas do suspeito de ser o arquiteto desta rede milionária de lavagem de dinheiro.
Em comunicado, a PJ dá conta de que, no decurso da operação policial, foram apreendidas/alvo de arresto, em cumprimento de ordem judicial, através do Gabinete de Recuperação de Ativos na PJ/Norte, seis imóveis urbanos, nove viaturas de alta gama, 74 contas bancárias controladas pelos suspeitos em território nacional e saldos de contas bancárias domiciliadas em 11 países europeus, num total de 67 contas bancárias.
Foram, ainda, apreendidos cerca de 300 mil euros em numerário, documentação diversa relativa à prática dos factos, material informático, cartões bancários e de telecomunicações, documentação falsa e armas de fogo.
A operação policial envolveu cerca de 170 elementos da Diretoria do Norte da PJ e ainda de elementos das unidades de Braga e de Vila Real, contando também com a colaboração de elementos da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica.
As diligências foram acompanhadas por duas magistradas do Ministério Público do DIAP Regional do Porto.
Os detidos vão ser nesta quarta-feira presentes à competente autoridade judiciária no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação. O inquérito é titulado pelo DIAP Regional do Porto.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com