O secretário-geral do PS considerou hoje que o procurador-geral da República “deve dar cabais esclarecimentos” ao país sobre as escutas que envolveram o ex-primeiro-ministro António Costa e sobre as consequências que retira quanto ao apuramento das responsabilidades.
Numa declaração enviada à agência Lusa à chegada a Toronto, José Luís Carneiro considerou da “maior gravidade que não tenha sido cumprida, por parte do Ministério Público, a obrigação legal de apresentar de imediato ao Supremo Tribunal de Justiça” escutas envolvendo um primeiro-ministro em exercício de funções.
“Em matéria desta natureza, e estando em causa a escuta de um primeiro-ministro, é o próprio procurador-geral da República que deve dar cabais esclarecimentos ao país, como também deve anunciar as consequências que retira em termos de apuramento das responsabilidades”, sustentou.
O líder do PS adiantou que o partido aguardará pelas explicações que forem dadas por Amadeu Guerra para anunciar “as iniciativas que irá propor para que esse apuramento de responsabilidades seja efetivo e sejam extraídas as devidas conclusões e consequências”.
A defesa de António Costa reiterou hoje que o Ministério Público deve esclarecer a razão pela qual as escutas que envolveram o ex-primeiro-ministro não terão sido detetadas e enviadas ao Supremo Tribunal de Justiça.
Numa reação enviada à Lusa, a propósito do esclarecimento feito hoje pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre as escutas feitas no âmbito da Operação Influencer, os advogados João Lima Cluny e Diogo Serrano consideraram que “no mínimo, cumpre ao Ministério Público esclarecer a efetiva razão pela qual vem agora afirmar que escutas telefónicas que envolviam o então primeiro-ministro de Portugal não foram, alegadamente, detetadas e não foram, em tempo, e no cumprimento do disposto na lei”.
“Cumpre, aliás, ao Ministério Público apurar as responsabilidades para tal ter sucedido e adotar as medidas que se impõem”, acrescentou a defesa de António Costa.
A PGR reconheceu hoje que foram identificadas sete escutas em que o ex-primeiro-ministro era interveniente e que não foram comunicadas ao Supremo Tribunal de Justiça “por razões técnicas diversas”.
Em comunicado, a PGR explicou que, recentemente, “no decurso de nova análise a todas as escutas realizadas” no âmbito da Operação Influencer, foram identificadas sete escutas, “em que também era interveniente o primeiro-ministro António Costa, facto que, por razões técnicas diversas, não havia sido detetado inicialmente”.
Em 07 de novembro de 2023, foram detidas e posteriormente libertadas no âmbito da Operação Influencer cinco pessoas, incluindo o então chefe de gabinete de Costa, Vítor Escária.
Há suspeitas de crime na construção de um centro de dado em Sines, distrito de Setúbal, na exploração de lítio em Montalegre e Boticas, ambas no distrito de Vila Real, e na produção de energia a partir de hidrogénio, também em Sines.
O caso levou à queda do Governo de maioria absoluta do agora presidente do Conselho Europeu.
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