O procurador-geral (PGR) da República assegurou esta terça-feira, ao ser questionado sobre a Operação Influencer, que não tem agendas, reiterando que não ficou satisfeito com a divulgação do conteúdo de escutas envolvendo o ex-primeiro-ministro António Costa.
“Não fico satisfeito com situações dessas. Não tenho agendas, como às vezes se diz que o Ministério Público lança escutas ou lança provas… Eu não tenho agendas”, afirmou Amadeu Guerra, à margem de um evento numa escola em Loures para assinalar o Dia Internacional Contra a Corrupção.
Queixando-se de que as declarações que faz, incluindo através de comunicados, são “muitas vezes mal-interpretadas”, o PGR lamentou que esteja “na ordem do dia criticar o procurador-geral e o Ministério Público”.
“Não estou satisfeito com isso. Porquê? Porque faço um trabalho sério. Eu vim para procurador-geral porque achei que ainda podia prestar um bom serviço ao país, apenas por isso. Não é prémio carreira”, sustentou.
Em 03 de dezembro, a revista Sábado publicou uma notícia em que dá conta do resumo das transcrições de escutas que envolvem António Costa na Operação Influencer.
No mesmo dia, a Procuradoria-Geral da República esclareceu, em comunicado, que nem todos os inquéritos deste caso têm segredo de justiça interno, o que possibilitou o acesso dos arguidos aos autos “por diversas vezes”, e anunciou que o Ministério Público iria fazer uma “participação criminal pelo conteúdo” então noticiado.
“Contrariamente ao que já ouvi dizer, não atiramos culpas para terceiros, não atiramos culpas para ninguém. Nós assumimos as nossas culpas”, acrescentou hoje Amadeu Guerra, salientando que a participação criminal visa investigar “todas as pessoas e verificar se é possível” saber “quem é que forneceu as informações” ao jornalista que escreveu a notícia da Sábado com o resumo das escutas.
Em 07 de novembro de 2023, foram detidas e posteriormente libertadas no âmbito da Operação Influencer cinco pessoas, incluindo o então chefe de gabinete de António Costa.
Em causa estão suspeitas de crime na construção de um centro de dados em Sines, distrito de Setúbal, na exploração de lítio em Montalegre e Boticas, ambas no distrito de Vila Real, e na produção de energia a partir de hidrogénio também em Sines.
O caso levou à queda do Governo de António Costa (PS), tendo o agora presidente do Conselho Europeu sido considerado suspeito, sem ser constituído arguido.
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