O resultado acumulado da intervenção humana no Planeta Terra ao longo de séculos, está a impactar significativamente nas alterações climatéricas e nos ecossistemas naturais, colocando em causa a estabilidade e o funcionamento dos mesmos. Os geólogos denominam este período de Antropoceno, alertando para a magnitude dos previsíveis problemas associados, suscetíveis de colocarem em causa a nossa própria existência.
O fenómeno tornou-se mais evidente na mudança para o século XXI – A Grande Aceleração –, sendo muito debatido ao nível da geologia, climatologia e ambiente, entre outros. Por exemplo, Paul Crutzen, Nobel da química em 1995, que se distinguiu pelo seu trabalho na química atmosférica, tem sido um dos principais disseminadores do termo.
No entanto, o Antropoceno não é um problema recente, nem exclusivo dos geólogos, climatólogos ou, propriedade os ambientalistas. Na verdade, a sua origem remonta há vários séculos atrás e tem nexo de causalidade com o desenvolvimento da globalização e do capitalismo, ambos particularmente acentuados a partir da revolução industrial, na Inglaterra do século XVIII.
Com efeito, a revolução industrial caracteriza-se, essencialmente, pela substituição do trabalho dos artesãos pela manufatura mecanizada. Esta alteração, traduziu-se numa aceleração sem precedentes da produção dos bens, que passaram a ser produzidos em larga escala. Por sua vez, esta produção passou a consumir matérias primas à escala mundial, exigindo, ainda, uma nova dinâmica de transportes, para fazer face ao aumento da procura de novas soluções de escoamento de produtos e de transporte das pessoas.
Ilustrando, segundo o relatório “O Estado do Mundo”, publicado pelo The Worldwatch Institute, nos últimos 50 anos o consumo cresceu 6 vezes, ao mesmo tempo a população cresceu apenas 2,2 vezes. Por outras palavras, equivale a dizer que o consumo por pessoa cresceu 3 vezes nos últimos 50 anos.
Assim, viveram-se séculos no pressuposto que os recursos do Planeta eram ilimitados e que a população mundial poderia crescer e consumir indiscriminadamente a uma escala superior, sendo tudo isto movido a energia fóssil, o petróleo, considerada uma fonte inesgotável.
Contudo, estes pressupostos não correspondem à realidade e o mundo está em risco de colapso, caso não se mude rapidamente de paradigma económico. De resto a própria economia mundial evidencia isso mesmo. Note-se que, apenas alguns anos após a grave crise de 2008 e um curtíssimo ciclo de dois ou três anos de entusiasmo moderado, as economias mostram novamente sinais de abrandamento, vislumbrando-se outra depressão, o que se tem tornado recorrente, especialmente pelo esgotamento do modelo de desenvolvimento económico e a insistência nas mesmas atividades e organizações.
Exige-se uma nova mentalidade consciente dos nossos limites. i.e., não devemos limitar o crescimento, mas antes crescer dentro dos limites.
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