O pacote ‘Mais Habitação’ arrisca claramente diminuir ainda mais a oferta imobiliária em Portugal, agravando um dos problemas do mercado, considera António Nogueira Leite. O economista lamenta a falta de estabilidade e previsibilidade que as alterações conferem, que deverão afastar ainda mais o investimento, pedindo um diagnóstico mais completo que aborde as causas do problema.
Na conferência ‘Mais Habitação: Proteção, regulação ou travão?’, transmitida pela plataforma multimédia JE TV e promovida pelo Jornal Económico e pelo NOVO Semanário, com o apoio da sociedade de advogados CMS e da agência imobiliária Fine & Country, o economista e administrador da Hipoges lamentou a falta de oferta de habitação em Portugal e argumentou que as medidas agora propostas ainda pioram esta situação.
Por um lado, o país conta com “um regime fiscal mais desfavorável” do que outras economias comparáveis, o que leva os investidores a optarem por outras geografias com maior previsibilidade – um exemplo disso é a ausência de um mercado de crédito à promoção, à semelhança do que acontece noutros países europeus, visto que “é mais oneroso” aos bancos conceder este instrumento do que outros produtos financeiros.
Por outro, as alterações agora propostas dificultam a rentabilidade para senhorios que “têm visto o arrendamento como um complemento à sua reforma”.
António Nogueira Leite lembrou que “o congelamento de rendas tem sido a regra e não a exceção” em Portugal, pelo que a medida dificilmente resolverá os problemas do mercado. Assim, “é preciso ir às causas e tentar resolver a origem” destas situações, defende.
“[O pacote] Não vai ser catastrófico no curto-prazo, mas dá o sinal errado”, argumenta, defendendo que “o investimento no imobiliário para arrendamento como forma de compensação pelas baixas reformas no futuro fica prejudicado”.
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