[weglot_switcher]

Pandemia e invasão do Capitólio levam a uma investidura invulgar

Contrastando com a habitual celebração que envolve a tomada de posse de um novo presidente nos EUA, a crise pandémica e a violência vista na capital há menos de duas semanas mudaram a tónica do evento deste ano. Ruas desertas, tropas armadas e vedações com arame farpado constituem o cenário da investidura do 46º presidente.
19 Janeiro 2021, 18h15

Num ano marcado por uma pandemia, dificilmente a tomada de posse de um presidente norte-americano poderia ser a cerimónia concorrida que historicamente costuma ser, mas os eventos de 6 de janeiro no Capitólio motivaram um aparato de segurança na capital dos EUA nunca antes visto.

Washington é, neste momento, uma capital em estado de emergência, fortificada por barreiras de arame farpado e vigiada por mais de 25 mil tropas da Guarda Nacional, depois de grupos armados de extrema-direita terem ameaçado protestos que anteviam uma repetição das imagens de insurreição que percorreram o mundo há menos de duas semanas.

Apesar de ser normalmente um evento de alta segurança pela multidão que atrai e pelas altas figuras de inúmeros quadrantes que marcam presença, a investidura de Joe Biden terá medidas adicionais que transformarão profundamente o cenário em que decorrerá.

Assim, a acrescer às tropas destacadas para a cidade, que ultrapassam o triplo das que marcaram presença na tomada de posse de Donald Trump, a cidade está interdita a pessoal não autorizado, com postos de controlo em vários pontos-chave das estradas de acesso a Washington. As pontes principais sobre o rio Potomac estarão também bloqueadas.

Estas tropas foram alvo de intenso escrutínio do FBI, devido a preocupações com uma possível infiltração da extrema-direita nas forças segurança depois de vários relatórios apontarem para antigos membros das forças armadas presentes na rebelião de 6 de janeiro. A Associated Press reporta que pelo menos dois elementos da Guarda Nacional foram afastados por suspeitas de envolvimento com estes movimentos políticos.

O tráfego aéreo para a cidade também passou a estar abrangido por regras que proíbem o embarque com armas, sendo que o serviço ferroviário da cidade anunciou que iria diminuir o número de comboios na região.

Por outro lado, preocupações com grupos extremistas pró-Trump vindos de diferentes partes do país levaram ao cancelamento de reservas em várias cadeias de hotéis e alojamentos locais na cidade.

A cerimónia realizar-se-á no Capitólio, como de costume, mas a invasão levou a que este esteja agora vedado por uma grade de mais de 2 metros de altura com arame farpado, um obstáculo reforçado por barreiras de cimento na base. Dentro deste recinto, a pandemia havia já obrigado a que fossem colocadas cadeiras a distâncias socialmente responsáveis, de forma a evitar a propagação da Covid-19 no evento.

Também o desfile que costumava encerrar a inauguração do mandato do novo presidente foi cancelado. Joe Biden não irá assim percorrer o caminho entre o Capitólio e a Casa Branca junto da habitual multidão, naquela que será uma das tomadas de posse mais invulgares do último século nos EUA.

“Não queremos ver grades. Não queremos ver tropas armadas nas nossas ruas. Mas temos de adotar uma postura diferente”, afirmou à NBC a Mayor de Washington, DC, Muriel Bowser.

Joe Biden deverá tomar posse por volta do meio-dia, hora da Costa Este dos EUA, menos cinco horas do que em Lisboa, marcando o início da 46ª presidência dos Estados Unidos.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.