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Papa Francisco pede negociações para o fim da guerra na Ucrânia

Na sua mensagem de Natal, o Papa pediu negociações entre a Ucrânia e a Rússia para colocar um fim à guerra. Ucrânia e Vaticano têm um histórico assinalável de distanciamento. Entretanto, na Síria há qualquer coisa de novo: cristãos voltaram à missa de Natal.
26 Dezembro 2024, 07h00

No seu discurso de Natal Urbi et Orbi, o Papa Francisco mencionou diretamente o conflito na Ucrânia e pediu “a ousadia necessária para abrir a porta às negociações”. Falando da sacada central da Basílica de São Pedro para milhares de pessoas na praça, o papa disse que “o som das armas seja silenciado na Ucrânia devastada pela guerra” – e pediu “gestos de diálogo e encontro, a fim de alcançar uma paz justa e duradoura”.

O discurso não terá sido do inteiro agrado de Kiev, que tem dito que não está ainda chegado o momento de iniciar negociações – num quadro militar que coloca os ucranianos num patamar de inferioridade. Para muitos observadores, as relações entre Kiev e o Vaticano nunca foram as melhores, e a declaração do Papa sobre negociações não vai por certo aproximar as capitais dos dois estados. Francisco, que é papa desde 2013, foi criticado pelas autoridades ucranianas este ano, quando disse que o país deveria ter a coragem da ” bandeira branca ” para negociar o fim da guerra com a Rússia.

A posição oficial de Kiev face às negociações é a de que elas não serão possíveis sem a restauração das fronteiras pré-guerra. Mas os analistas estão convencidos que Zelensky tem uma disposição desde a reeleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos – que o terá pressionado a entrar em negociações.

No início de dezembro, Zelensky colocou a hipótese de um acordo diplomático que envolveria um “congelamento” das atuais linhas de batalha e a implantação de tropas estrangeiras na Ucrânia. A Rússia exigiu que a Ucrânia abandonasse as suas ambições de se juntar à NATO – condição de que não deverá com certeza abrir mão, sob pena de os dois anos de guerra se tornarem um absurdo (para o lado russo).

Francisco, que recentemente se tornou mais crítico em relação à campanha militar de Israel em Gaza, descrevendo-a na semana passada como “crueldade”, também renovou o seu apelo a um cessar-fogo na guerra entre Israel e o Hamas e pela libertação dos reféns israelitas. O papa chamou a situação humanitária em Gaza “extremamente grave” e pediu que “as portas do diálogo e da paz sejam abertas”.

Francisco referiu-se ainda a uma “solução mutuamente acordada” para Chipre – entre a República de Chipre e a República Turca do Chipre do Norte, um problema pendente desde 1974. Líbano, Mali, Moçambique, Haiti, Venezuela e Nicarágua foram outros países com problemas de paz e segurança de que o Papa falou especificamente no seu discurso.

Missa na Síria

Entretanto, os cristãos sírios compareceram aos cultos de véspera de Natal na passada terça-feira pela primeira vez desde o fim do regime de Bashar al-Assad – num gesto que foi considerado uma espécie de teste às promessas do novo poder islâmico de proteger os direitos das minorias religiosas do país. Segundo as agências internacionais, o culto foi realizado sob forte segurança devido a preocupações com a violência contra locais cristãos – que acontecem há décadas na Síria. Um dispositivo de defesa foi montado em redor da igreja pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que venceu as forças de al-Assad há cerca de três semanas e foi o autor da promessa de pacificação religiosa.

Segundo as reportagens no local, os bancos da Igreja de Nossa Senhora de Damasco, na capital síria, estavam totalmente ocupados. Horas antes do culto, centenas de manifestantes reuniram em Damasco para denunciar um incidente em que uma árvore de Natal foi queimada na zona rural do norte da província de Hama, no centro-oeste da Síria.

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