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Parlamentares britânicos pedem que Assange seja extraditado para a Suécia

“Faça tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar que Julian Assange seja extraditado para a Suécia, no caso de a Suécia realizar esse pedido de extradição”, lê-se numa carta enviada pelos parlamentares britânicos este sábado ao governo do Reino Unido.
  • Peter Nicholls / Reuters
13 Abril 2019, 12h45

Mais de 70 membros do parlamento britânico, a maioria pertencem ao Partido Trabalhista, subscreveram uma carta dirigida ao secretário do Interior do Reino Unido, Sajid Javid, a pedir a extradição de Julian Assange, fundador do Wikileaks, para a Suécia e não para os Estados Unidos.

“Faça tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar que Julian Assange seja extraditado para a Suécia, no caso de a Suécia realizar esse pedido de extradição”, lê-se na missiva divulgada este sábado, 13 de abril.

Na carta, os membros do parlamento britânico apelam a que se possa “investigar adequadamente” uma denúncia de violação por parte de uma mulher sueca, uma suspeita de crime que prescreve em 2020, sendo que outras acusações feitas na justiça sueca já prescreveram.

Para mais de 70 parlamentares britânicos, a prioridade é a extradição para a Suécia, face a uma extradição para os Estados Unidos, relativamente ao roubo e divulgação de documentos secretos que expuseram a prática da tortura pelos norte-americanos na guerra do Iraque, entre outras matérias.

Elisabeth Massi Fritz, a advogada da mulher sueca cujo caso ainda não prescreveu, disse ao jornal britânico “The Guardian“, que recebeu com “choque” as notícias da detenção de Assange em Londres, já que não tinha sido notificada, apelando à polícia sueca que reabra o a investigação.

Os parlamentares britânicos pedem ao secretário do Interior britânico que defenda as “vítimas de violência sexual” e que permita que a queixa contra Assange seja “devidamente investigada”.

Dirigentes do partido Trabalhista já tinham defendido na sexta-feira que o Governo britânico deve opor-se à extradição do cofundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os EUA, por ter ajudado a expor irregularidades.

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, escreveu na rede social Twitter que os EUA querem extraditar Assange porque ele expôs “provas de atrocidades no Iraque e no Afeganistão”.

Assange encontra-se atualmente detido na prisão de Wandsworth, no sul de Londres, enquanto aguarda a sentença da justiça britânica por ter desrespeitado as condições da liberdade condicional em 2012, quando se refugiou na embaixada do Equador enquanto asilado, pena que pode ir até 12 meses de prisão.

O processo do pedido de extradição feito pelos Estados Unidos deverá ser de novo analisado a 2 de maio no tribunal de magistrados de Westminster, mas especialistas admitam que se possa prolongar por vários anos.

O castigo máximo para o crime de que é acusado pelas autoridades norte-americanas – pirataria informática – é de cinco anos de prisão, mas o australiano de 47 anos receia ser alvo de acusações mais graves. Se a acusação for mudada para espionagem, o que temem os seus advogados, Assange poderá ser condenado a prisão perpétua ou mesmo à pena de morte.

Jennifer Robinson, advogada do Julian Assange, promete lutar contra a extradição, considerando que será um precedente terrível para todos os jornalistas que publiquem informação sobre os Estados Unidos.

A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, também já reagiu ao afirmar: “Estamos a seguir o caso. Esperamos que as autoridades garantam que o caso do senhor Assange é tratado no completo respeito pelos seus direitos processuais e pelos seus direitos a um julgamento justo, mesmo no que respeita a qualquer processo de extradição”.

Além de Suécia ou EUA, há quem anteveja a hipótese de enviá-lo para a Austrália mas também há quem defenda que lhe deve ser dado asilo noutro país da Europa. Na sexta-feira, em Berlim, manifestaram-se dezenas de pessoas para pedirem a Angela Merkel que lhe conceda asilo político.

[com Lusa]

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