Paulo Macedo, CEO da Caixa Geral de Depósitos, em mais um Encontro Fora da Caixa, desta vez em Vila Nova de Gaia fez uma análise aos desafios e aos riscos para 2025.
No dia em que Mário Draghi participou na reunião do Conselho de Estado, o presidente da Caixa ironizou dizendo que a China já não “copia” e “está bastante à frente”, portanto “os desafios são grandes”.
“China já é o maior produtor e consumidor quer de energias renováveis quer de energias fósseis”, alertou.
Paulo Macedo destacou ainda na sua intervenção a “falta de escala” na Europa e a necessidade das “reformas institucionais”.
“As prioridades da Europa vão ficando cada vez mais desfasadas dos outros blocos”, disse.
Paulo Macedo destacou também que ao contrário do que se imaginava há uns anos a Alemanha e França são hoje grandes incógnitas em termos económicos e políticos.
Sobre Portugal disse para 2025 “esperamos uma economia a crescer, com o consumo a crescer devido ao aumento do rendimento disponível, porque os salários reais estão a subir”.
Menor encargos com casas e em alguns menos impostos e por isso uma menor taxa de esforço, e maior capacidade de endividamento. “A Caixa deu 440 milhões de euros em crédito à habitação em dezembro, cada um em média de cento e poucos mil euros. O empréstimo médio em stock é de cerca de 66 mil euros”, revelou.
Perspectiva-se uma inflação mais baixa com alguns riscos no segundo semestre relacionados com os preços da energia e com questões orçamentais, disse.
Por outro lado espera-se o aumento do investimento, associado à execução do Plano de Recuperação e Resiliência, referiu.
Para a banca, o CEO voltou a dizer que atingiu o pico dos lucros em 2024 e que este ano a margem financeira vai cair, os spreads vão continuar baixos e o resultado será uma redução acentuada dos lucros recorrentes.
O pagamento de dividendos altos, a manutenção de rácios de crédito malparado e boa solvabilidade são as marcas de 2025 para a banca, refere o CEO da CGD.
Para as empresas em 2025, a Caixa espera maior autonomia financeira, menor custo de financiamento, maior apoio do PRR, recomposição de tesourarias, melhores resultados líquidos, e daí baixos níveis de novos incumprimentos do crédito a empresas.
“As taxas de juros continuarão a descer embora a um ritmo mais lento porque a inflação não está totalmente controlada”, disse Paulo Macedo.
Sobre a Inteligência Artificial, disse que “ninguém tem dúvidas que é revolucionária mas a questão é que é muito devagarinho”.
Morgan Stanley prevê o mundo em 2030
O presidente da CGD levou para a apresentação o estudo do banco Morgan Stanley intitulado “The world in 2030 in 10 short stories”.
A difusão de tecnologia é um dos quatro tópicos. Aqui é elencada a condução autónoma; os multi-earning agents; e os robots humanoides.
O segundo tópico é a descarbonização e inclui a soberania da IA; os preços negativos da energia (onde há um alerta para a questão do armazenamento); e o renascimento do nuclear.
Terceiro tópico é a longevidade. O que inclui o tratamento da obesidade; a quimioterapia inteligente; e a IA ao serviço da Fertilidade Assistida (na seleção dos embriões).
Por fim o quarto tópico é o aumento do private equity.
Paulo Macedo lembrou que um dos fatores apontados por Draghi é a falta de fontes de financiamento na Europa por contraste com os Estados Unidos.
Na Europa (especificamente as fontes de financiamento são essencialmente a banca, em detrimento do mercado de capitais e de private equity (poucos desenvolvidos), lembrou o banqueiro que destacou que isso explica que os unicórnios europeus optem para ir para os EUA.
“Temos um mercado bancário muito desenvolvido e mais regulamentado que o mercado americano”, disse Paulo Macedo.
Mas o CEO da CGD disse que não defende a desregulação total da banca, para competir com os EUA.
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