O PCP considerou hoje “necessário e urgente” deter a “demencial corrida aos armamentos impulsionada” pelos Estados Unidos e “restantes membros da NATO”, numa altura em que se celebram os 76 anos da explosão das bombas atómicas.
“O PCP considera necessário e urgente deter e inverter a demencial corrida aos armamentos impulsionada em primeiro lugar pelos Estados Unidos da América e restantes membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês)”, afirmou Ângelo Alves, membro da Comissão Política do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP).
Ângelo Alves falava em conferência de imprensa a propósito dos 76 anos da explosão das bombas atómicas nas cidades japonesas de Hiroshima (em 06 de agosto de 1945) e de Nagasaki (a 09 de agosto do mesmo ano), que qualificou como um “monstruoso crime, que arrasou completamente as duas cidades, provocou centenas de milhares de mortos, e deixou um medonho rasto de sofrimentos provocados pelas radiações atómicas que ainda hoje persistem”.
“Ao evocar mais uma vez a tragédia de 06 e 09 de agosto de há 76 anos, o PCP afirma a sua determinação em fazer tudo ao seu alcance para que jamais a arma nuclear volte a ser utilizada”, apontou o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.
Afirmando que esse compromisso é “tão mais importante quanto se verificam inquietantes desenvolvimentos na situação internacional”, Ângelo Alves referiu que a “política agressiva do imperialismo” e as “pretensões hegemónicas” dos Estados Unidos “continuam a alimentar e a gerar perigosas situações de instabilidade e confrontação que podem evoluir para conflitos militares de catastróficas proporções”.
“É inaceitável que, quando o mundo está confrontado com as consequências da pandemia de covid-19, com uma crise económica e social de grande dimensão e com uma situação de insuportáveis desigualdades a nível mundial, patente nas gigantescas discrepâncias no acesso à vacina, os Estados Unidos, a NATO e a União Europeia insistam em estratégias de militarização e imponham a todos os Estados-membros o aumento das suas despesas militares”, apontou.
Relembrando assim o artigo 7.º da Constituição, que preconiza o “desarmamento geral, simultâneo e controlado”, Ângelo Alves apelou a que o Governo português cumpra com “o espírito e a letra” constitucional, “dando dessa forma uma importante contribuição para fazer recuar a política agressiva do imperialismo e afastar definitivamente o espetro do holocausto nuclear”.
“É (…) o próprio imperativo constitucional que aponta a necessidade de romper com décadas de uma política de enfeudamento aos interesses de potências imperialistas e da NATO”, frisou.
No mesmo sentido, Ângelo Alves instou o Governo a ratificar, “o mais depressa possível”, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, que entrou em vigor em janeiro deste ano, por considerar que “quanto mais Estados o ratificarem e o aplicarem”, mais longe se estará do “Holocausto nuclear, que persiste”.
Interrogado sobre o simbolismo do Tratado – dado que, até ao momento, nenhuma potência nuclear o ratificou –, Ângelo Alves destacou que, nas relações internacionais, a questão do simbolismo “tem peso”.
“Se um vasto conjunto de países, aderir, defender, ratificar e pressionar para que esse acordo passe do papel para a realidade, mais pressionadas estarão as principais potências, nomeadamente as potências nucleares para ir também nesse sentido. (…) Se é verdade que, neste momento, o Tratado tem um valor simbólico, também é verdade que a adesão dos países a esse Tratado pressionará politicamente as principais potências nucleares”, indicou.
Também o Partido Ecologista Os Verdes apelou na sexta-feira à ratificação por Portugal do Tratado de Proibição das Armas Nucleares e pediu o fim da energia nuclear como fonte primária, ao recordar os 76 anos da bomba nuclear em Hiroshima.
O tratado internacional de proibição das armas nucleares entrou em vigor em 22 janeiro, embora não tenha sido assinado pelos países que possuem armamento atómico.
O documento proíbe a utilização, o desenvolvimento, a produção, os testes, o estacionamento, o armazenamento e a ameaça de uso de tais armas.
Em 24 de outubro de 2020, o tratado, aprovado por uma centena de nações, foi ratificado por 50 países, o que permitiu a entrada em vigor 90 dias depois.
Com os Estados Unidos e a Rússia, que detêm 90% deste tipo de armamento, o mundo conta nove potências nucleares: China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.
A maioria destes países defende que estes arsenais servem de dissuasão e afirmam aplicar o tratado de não-proliferação, que visa impedir a disseminação deste armamento a outras nações.
O Japão, único país bombardeado com armas nucleares, não assinou o tratado e questionou a eficácia do documento por não ter sido aprovado pelas potências atómicas.
Também Portugal não assinou o tratado por considerar que não responde à necessidade de desarmamento e não observa as preocupações de segurança de muitos países, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em entrevista ao jornal ‘online’ SeteMargens.
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