Pedro Machado, o homem escolhido para secretário de Estado do Turismo, é um nome que precisa de poucas apresentações no sector. Este ano faria 19 anos à frente da Turismo do Centro de Portugal, uma das regiões de turismo que mostrou maior crescimento em anos recentes. Saiu do organismo em meados do ano passado. Além disso, desde 2007 que é o presidente Agência de Promoção Turística Centro de Portugal, uma instituição dedicada à projecção internacional da região. Também é professor associado no Instituto Politécnico de Viseu. Quanto à sua carreira política, já lá iremos.
O caráter público das funções desempenhadas por Pedro Machado significa uma coisa bastante boa quando chega a altura de fazer um perfil seu: as várias entrevistas que deu permitem ver como pensa sobre o sector e o que pensa para o sector. Numa entrevista ao jornal Campeão das Províncias, em outubro do ano passado, Pedro Machado até revelou a fórmula que pensa ser a melhor para gerir o “produto turismo”.
E dá o exemplo de como o turismo na região centro cresceu nos anos recentes. “Focámo-nos em algo que é válido não só para o turismo, mas também para outras actividades: responder a quatro perguntas cruciais para o sucesso de qualquer organização. Vamos vender o quê? Em segundo lugar, a quem vamos vender? Terceiro, onde vamos vender? E quarto, a que preço vamos vender? Esta é a questão essencial e intemporal, aplicável tanto à Turismo do Centro como a outras regiões”, diz Pedro Machado. Para isso, conclui, foi essencial a criação da marca “Centro de Portugal”.
Ou seja, sob a égide de Pedro Machado, o turismo do Centro de Portugal diversificou o seus produtos turísticos. Como conta o próprio, atualmente o Centro de Portugal oferece 22 produtos turísticos distintos, quando em 2006 havia apenas 10. O turismo religioso, o turismo industrial, o ecoturismo e o enoturismo foram segmentos que tiveram um crescimento forte. “Esta expansão levou-nos a trabalhar na criação da marca do território e do produto. Esta era uma tarefa desafiadora, visto que tínhamos uma região rica em atracções, mas era difícil comunicar tudo. A chave foi o foco. Sem um foco claro e uma marca forte, era difícil captar a atenção do público”, conta.
E, lendo a entrevista ao Campeão das Províncias, fica claro que o novo homem-forte do Turismo nacional vê nos privados um conjunto de parceiros fundamentais. “É necessário ter uma operação que envolva o sector privado no turismo. (…) Sem a participação do sector privado, qualquer estratégia regional ou municipal está condenada ao fracasso”, diz Pedro Machado, numa frase que se pode perfeitamente estender a nível nacional.
Pedro Machado também aponta a maturidade dos produtos turísticos como um factor crítico. O novo secretário de Estado diz que é “fundamental” que os produtos tenham um nível de maturidade razoável. “É essencial mostrar aos potenciais visitantes o que temos para oferecer e garantir que apreciem a experiência. Portugal já é um destino conhecido, mas ainda temos muito trabalho pela frente”, conclui.
Sobre o que se prevê para o turismo nacional este ano, o novo secretário de Estado também tem uma ideia clara: vai haver um ajustamento, mas Portugal está bem preparado para continuar a crescer. Pedro Machado lista alguns desafios – como as ameaças à segurança e à saúde – mas sublinha que o turismo continua a crescer, impulsionado por novos perfis de viajantes.
“Estamos a viver três tendências globais importantes que são o crescimento populacional, principalmente na África Subsaariana, o aumento da procura e o potencial para conflitos sociais. Mercados como os EUA e a Coreia do Sul são especialmente promissores, com a Coreia do Sul a destacar-se devido à sua grande comunidade católica em crescimento. Portugal está alinhado com estas novas tendências e está bem posicionado para capitalizar este crescimento contínuo na indústria do turismo”, afirma.
Quanto a experiência política, Pedro Machado tem um passado preenchido a nível autárquico. Foi vice-presidente da Câmara de Montemor-o-Velho durante 12 anos e candidatou-se à Câmara da Figueira da Foz em 2021, pelo PSD. A eleição acabaria por ser ganha pelo independente Pedro Santana Lopes (um antigo nome forte do partido social-democrata), apenas 619 votos à frente do PS. Aliás, na altura, o anúncio da candidatura de Pedro Machado levou as federações do PS de Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria, Oeste, Santarém e Viseu a exigirem a sua “demissão imediata” da presidência da Turismo Centro de Portugal (TCP), bem como a convocação de eleições para aquela entidade.
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