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Pedro Nuno Santos: compra de novos comboios para a CP “não é de resolução rápida”

O ministro das Infraestruturas admite que a necessidade de novo material circulante para a ferrovia nacional irá implicar o lançamento de concursos demorados, que só deverão estar resolvidos, na melhor das hipóteses, dentro de quatro anos.
13 Janeiro 2020, 19h42

“A aquisição de material circulante para a CP não é um problema de resolução rápida. O país precisa de mais comboios e vou-me bater por nisso. Mas estamos muito limitados no aluguer de material circulante porque só o podemos fazer em Espanha, que tema mesma bitola. Neste momento, temos mais de 20 comboios alugados à Renfe e estamos sempre à procura de mais, mas é muito difícil”, admitiu hoje Pedro Nuno Santos na audição parlamentar na Comissão de Economia e Obras Públicas, no âmbito da discussão do Orçamento de Estado 2020.

O ministro das Infraestruturas assumiu que “a alternativa é a compra de novos comboios, o que implica o lançamento de concursos demorados”.

Pedro Nuno Santos explicou que o processo de recuperação de material circulante abandonado irá colocar ao serviço oito comboios, uma melhoria que não solucionar todos os problemas.

“Vamos deixar de ter supressões nas linhas urbanas, mas não vai dar para o aumento da oferta que precisaríamos para responder ao aumento da procura. Isso só lá irá com a compra de material circulante, o que demorará, pelo menos, quatro anos. É um novo problema real, de difícil superação, mas quanto mais tarde fizermos a encomenda, mais tarde resolveremos este problema”, adiantou o ministro das Infraestruturas.

Pedro Nuno Santos revelou ainda que a administração da CP está neste momento a fazer a identificação das necessidades de novo material circulante, não só para as necessidades presentes, mas também para diversos cenários de crescimento da transportadora ferroviária nacional.

“Depois, dependerá das disponibilidades financeiras. Nos suburbanos é onde a pressão é mais grave. Temos muita pressão nos suburbanos de Lisboa. Os suburbanos do Porto funcionavam melhor, mas também já estão no limite”, precisou Pedro Nuno Santos.

Sobre a linha de Cascais, o ministro disse que “é só um dos exemplos” em que a necessidade material circulante novo é crítica, recordando que “já temos a dotação necessária para a modernização da infraestrutura” e reconhecendo que “temos de fazer a encomenda de material circulante para a linha de Cascais”, que neste momento tem comboios a circular com 50 ou 60 anos, “que já não se fazem” e cujas peças “também já não se fabricam”, devendo-se o seu funcionamento “a um milagre da EMEF”..

Pedro Nuno Santos revelou ainda que na linha de Cascais “podemos manter a tensão [elétrica] atual até chegarem os novos comboios”.

Até na linha da Azambuja, “que é uma linha superavitária da CP”, “temos problemas” de falta de material circulante, mais sentidos ainda na linha de Sintra.

“Quando dizemos que queremos investir em transportes e em habitação, o que estamos a dizer é que queremos investir em liberdade. Porque houve uma falha grave da organização que se chama Portugal, que não conseguiu dar resposta aos problemas nos transportes e na habitação”, defendeu Pedro Nuno Santos na referida audição parlamentar.

De acordo com este governante, “o que o PSD e o CDS fizeram na ferrovia é muito pouco ou nada”, sublinhando Pedro Nuno Santos que “a necessidade de investimento em infraestruturas ferroviárias é brutal” e acrescentando que “em material circulante também é brutal”.

“Tínhamos uma CP maltratada por sucessivos governos, alvo de desinvestimento durante décadas”, acusou o ministro.

Pedro Nuno Santos considera que, neste momento, está a inverter-se este caminho, dando como exemplo a concretização do processo de fusão entre a CP e a EMEF, os acordos de empresa já assinados com os sindicatos do setor, o processo iniciado de recuperação do material circulante abandonado e o contrato de serviço público, inédito, assinado recentemente entre a transportadora ferroviária nacional e o Estado português.

 

 

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