Como equilibrar os dois pratos da balança: crescimento económico e planeta que respire? A resposta não é linear. Implica uma mudança cultural corajosa, o que não é possível de um dia para o outro. “Provavelmente, é mudando a métrica do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)”, adianta Pedro Pitta Barros, professor da NOVA SBE no InNova Talks esta quarta-feira, evento dinamizado pela Nova SBE, JE e Forbes Portugal.
O PIB mede a riqueza criada por um país, não mede o bem-estar da população desse país.
O especialista na área da economia da saúde lembra que existem doenças respiratórias que são resultado de problemas atmosféricos e que olhar para elas desta ou daquela forma é uma escolha dos governos e das suas prioridades. No limite se nós, Europa, quisermos diminuir os efeitos atmosféricos nos problemas respiratórios, a questão pode vir a colocar-se desta forma: “Queremos crescer um terço do que crescem os chineses para que as pessoas tenham mais 10 anos de vida!?…”
É importante começar desde já a explicar às pessoas que temos de decidir se queremos investir agora para viver mais.
No geral, quando se fala em alterações climáticas e em problemas ambientais, a saúde não é referida. Não porque esteja fora da esfera, mas porque, adianta Pedro Pitta Barros, “o curo prazo é muito emergente”, afirma, exemplificando: “o problema são as ambulâncias que não andam, não as ambulâncias que poluem”.
Existe um outro fator a ter em conta, adianta: “As migrações trazem novos problemas aos sistemas de saúde”. Portugal tem uma tradição humanista e usa a consciência de que é melhor tratar as pessoas. “Do ponto de vista dos números, é normalmente, melhor tratar do que não tratar”, adianta o especialista em economia da saúde. Atuar assim, tem o reverso: picos de abuso, como aqueles que se vivem, neste momento, com cidadãos estrangeiros, nomeadamente norte-americanos, a aproveitarem o acesso a determinados medicamentos gratuitos nas áreas do HIV e da Oncologia.
Pedro Pitta Barros salienta também que não é possível rever a próxima grande crise de saúde pública, mas que ela virá e quando isso acontecer, a melhor foram de lidar com o problema é tendo “informação atualizada e agilidade na mobilização de recursos. Defende ainda a necessidade de investimento e prevenção na vigilância em saúde. E confessa-se adepto da mudança “de baixo para cima” – “o que é que as pessoas estão dispostas a fazer no seu dia-a-dia para melhorarem” -, considerado que é sempre mais eficaz do que a ordem vinda de cima.
InNova Talks é uma parceria da Nova School of Business & Economics com o JE e a Forbes Portugal. A talk desta quarta-feira dedicada à sustentabilidade marca o encerramento do primeiro ciclo destas conferências. Dos debates em torno de uma economia mais sustentável aos desafios das lideranças no próximo ano, foram muitos os temas em debate e os especialistas de renome a deixar a sua marca nesta conferência.
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