[weglot_switcher]

Pequim evita comentar venda de portos no Panamá e critica coerção económica

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, apelou à “consulta das autoridades chinesas competentes” para obter pormenores específicos sobre o negócio, sem se referir diretamente à transação ou a relatos de uma possível interferência de Pequim para impedir a venda.
18 Março 2025, 13h32

A China evitou, esta terça-feira, comentar o acordo alcançado pelo conglomerado de Hong Kong CK Hutchison para vender as suas participações nos portos do Canal do Panamá ao fundo norte-americano BlackRock, limitando-se a rejeitar a “coerção económica” na cena internacional.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, apelou à “consulta das autoridades chinesas competentes” para obter pormenores específicos sobre o negócio, sem se referir diretamente à transação ou a relatos de uma possível interferência de Pequim para impedir a venda.

Mas acrescentou que a China rejeita a “coerção económica, hegemonia e intimidação” na cena internacional.

As declarações surgem num contexto de crescente tensão sobre o acordo, depois de críticas difundidas por um jornal de Hong Kong afiliado a Pequim.

Os portais oficiais da administração chinesa em Macau e Hong Kong divulgaram na sexta-feira o comentário, difundido pelo jornal Ta Kung Pao, uma publicação da antiga colónia britânica vista como sendo próxima de Pequim.

O jornal considerou que o negócio que transferiu para um consórcio que inclui a BlackRock e a Terminal Investment Limited uma participação de 80% num conjunto de subsidiárias portuárias, que gerem 43 portos em 23 países, incluindo os portos em ambas as extremidades do Canal do Panamá, em Balboa e Cristobal, “não é uma prática comercial normal”.

“Muitos internautas [chineses] criticaram fortemente este acordo e a CK Hutchison Holdings, considerando-o como uma cedência sem espinha, visando apenas o lucro e esquecendo a justiça, ignorando os interesses nacionais e os grandes princípios nacionais, traindo e vendendo todo o povo chinês. Estas expressões emocionais são completamente compreensíveis”, lê-se.

Também o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, reconheceu hoje que a transação gerou preocupações que requerem “atenção séria”, sem questionar diretamente o negócio.

Concluído sob os auspícios dos Estados Unidos em 1914, o Canal do Panamá, que atravessa a América Central, tornou-se um dos alvos do Presidente norte-americano, Donald Trump, assim que regressou à Casa Branca em 20 de janeiro. Trump acusou a China de dominar as operações no canal e prometeu “tomá-lo de volta”.

O negócio foi conhecido após a visita do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ao Panamá, e na véspera do primeiro discurso de Trump ao Congresso.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.