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Peru: Keiko Fujimori enfrenta novo pedido de prisão

A contagem dos votos das eleições desta semana continua demorada, com a diferença entre os dois candidatos a subir para mais de 71 mil. O candidato de esquerda, Pedro Castillo, já se declarou vencedor – e o presidente da Argentina concorda.
10 Junho 2021, 21h00

O promotor público que em março acusou a candidata conservadora às presidenciais peruanas, Keiko Fujimori, de lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução da justiça, pediu esta quinta-feira a um tribunal que a coloque em prisão preventiva por quebra das regras de conduta da liberdade condicional. O promotor público, José Domingo Pérez, acusa a candidata de ter comunicado com uma das testemunhas do processo, Miguel Torres Morales, o que lhe estava proibido, ao apresentá-la como porta-voz político do Partido Fuerza. Na quarta-feira anterior, Keiko apresentou Morales em conferência de imprensa como o advogado encarregado de apresentar um pedido de nulidade de milhares de votos do candidato de esquerda Pedro Castillo.

José Dmingos Perés pediu 30 anos de prisão para Fujimori por suposto recebido de 1,2 milhão de dólares da construtora brasileira Odebrecht para as suas campanhas eleitorais para a presidência em 2011 e 2016. O processo judicial encontra-se em fase anterior ao julgamento presencial, mas se ganhar as eleições Keiko (que esteve presa preventivamente entre 2018 e 2019) obterá a imunidade do cargo. O julgamento envolve mais trinta acusados, entre eles Mark Vito Vilanella, marido de Keiko, a sua advogada Giuliana Loza e dois ex-conselheiros políticos.

O pai da candidata, Alberto Fujimori, atualmente preso, enfrenta novo processo judicial onde é acusado da morte ou invalidez de mais de 1.300 vítimas de esterilização forçada durante o seu segundo governo (1995-2000). O irmão mais novo de Keiko, Kenji Fujimori, também enfrenta um processo judicial por peculato, conluio, e uso indevido do cargo por atos cometidos quando era deputado federal no primeiro ano de governo do presidente Pedro Pablo Kuczynski, em 2016. Dois outros irmãos, Hiro e Sachi, estão igualmente sob investigação por lavagem de dinheiro e tráfico de cocaína.

Entretanto, o Organismo Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) peruan vai publicando a conta-gotas os resultados das eleições de há quase uma semana. Os números mais recentes indicam que estão apurados 9,143% dos boletins e que o candidato de esquerda (Perú Libre), Pedro Castillo, tem um total de 50,203% de votos, ao mesmo tempo que Keiko Fujimori tem 49,797 %. No total, e para já, Pedro Castillo contabiliza 8.792.555 votos e Fujimori 8.721.301, uma diferença de 71.254 votos, que já chegou a ser mais pequena.

Keiko Fujimori tem afirmado que as eleições estão repletas de fraude e que o seu opositor lançou uma campanha de falsificação dos resultados que explica a sua posição de líder das contagens. Mas o tribunal eleitoral peruano condenou as denúncias sem indícios, o que parece indicar que Fujimori tem pouca margem para vencer ‘na secretaria’.

Quem parece estar sem paciência para esperar pelo fim da contagem dos votos é o próprio Pedro Castillo, que esta terça-feira anunciou ter ganho as eleições, segundo, disse, uma contagem dos seus auditores. Acompanhando esta impaciência do candidato, o presidente argentino, Alberto Fernández, cumprimentou-o esta quinta-feira como “o presidente eleito” do Peru. “Hoje entrei em contato com Pedro Castillo, presidente eleito do Peru. Expressei o meu desejo de que unamos forças em favor da América Latina. Somos nações profundamente gémeas”, escreveu no Twitter.

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