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Politécnico de Castelo Branco leva digitalização à floresta

Parceria entre o politécnico albicastrense e a empresa Cutplant, fabricante de maquinaria da marca Vicort, lança projeto tecnológico aplicado à floresta. Tem a duração de 31 meses, conta com um investimento de 1,608 milhões de euros e envolve o INESC-TEC, a FEUP e a UTAD. Objetivo? Desenvolver produtos mais evoluídos que permitam à empresa da Sertã marcar posição no mercado.
17 Abril 2021, 14h00

No Politécnico de Castelo Branco ganha vida um projeto tecnológico na área da gestão da floresta, liderado pelos investigadores Pedro Torres, Luís Farinha e Rogério Dionísio. Resulta de uma parceria com a empresa Cutplant Solutions, tem a duração de 31 meses e um investimento de 1,608 milhões de euros.

O nome mais parece um código: SMARTCUT – Diagnóstico e Manutenção Remota e Simuladores para Formação de Operação e Manutenção de Máquinas Florestais. Mas os objetivos são claros, conforme explicam os investigadores ao JE Universidades: “Foca-se na conceção e desenvolvimento de uma solução de sensorização de equipamentos florestais, que permita a execução de tarefas de telediagnóstico, telemanutenção e monitorização da floresta pela empresa produtora dos equipamentos ou dos seus representantes, em cada país de atuação”.

A Cutplant Solutions SA, nascida na Sertã e sediada na Zona Industrial de Castelo Branco, fabrica maquinaria florestal, sendo detentora da conhecida marca Vicort. Em conjunto com o Politécnico, a empresa está à procura de “desenvolver produtos tecnologicamente mais evoluídos e, por sua vez, marcar posição de mercado face aos seus concorrentes”.

A parceria teve início com um primeiro contacto do Politécnico, que, após o levantamento das necessidades por parte da empresa, procurou os parceiros estratégicos essenciais à implementação do projeto. Encontrou-os no INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Um total de 23 pessoas estão envolvidas. Além dos três investigadores residentes, a equipa integra: Miguel Melo, Filipe Santos, Cláudia Rocha e António Gaspar do INESC-TEC, Gil Gonçalves, Fernando Lobo Pereira, Cláudio Monteiro e Maria Margarida de Amorim Ferreira da FEUP, e Maximino Bessa, José Vasconcelos Raposo, Luís Barbosa, Galvão Meirinhos, Vasco Amorim e José Boaventura, da UTAD. Já a Cutplant adjudicou ao projeto uma equipa técnica constituída por: Ricardo Nunes Martins, Miguel Ferreira, Tiago Mateus, Bruno Cardoso, Melo Júnior e Paulo Nunes.

Castelo Branco é um distrito predominantemente rural e que tem na floresta uma das suas riquezas. Embora a solução que vier a sair de SMARTCUT se destine à Cutplant, o projeto além disso. Pedro Torres, Luís Farinha e Rogério Dionísio explicam o alcance: “permitirá à Cutplant incorporar nos seus produtos tecnologias inovadoras de grande valor acrescentado, traduzindo-se num aumento da competitividade do sector, especialmente para as empresas sediadas na região”. Da parte do Politécnico, acrescentam, reflete “mais um passo em frente” na sua missão de “cooperar com a indústria regional e com os principais players de desenvolvimento tecnológico”.

Os investigadores também estão envolvidos na conceção e desenvolvimento de uma ferramenta de autoria de cenários de treino virtuais. “Esta inovação – explicam – irá tirar partido de um simulador físico/emulador para recriar, via realidade virtual, a operação e as condições de avaria dos equipamentos e, simultaneamente, as características orográficas e físicas encontradas no terreno”. A criação de “gémeos digitais”, tornará possível “testar e validar novos produtos antes da sua produção”, bem como “auxiliar na formação de novos operadores e na manutenção remota de equipamentos pós-venda”.

Os principais fabricantes internacionais de maquinaria já incorporam nos seus equipamentos vários tipos de sensores que permitem, por exemplo, recolher informação relevante sobre a floresta, como a densidade florestal; sobre a performance da máquina, nomeadamente a posição da máquina e a percentagem de tempo em operação; e sobre o progresso das operações florestais, isto é, sobre o tipo de madeira cortada e estimativa do volume. Em Portugal será uma novidade. E para a Cutplant um trunfo. “Torna-se premente dotar os equipamentos Vicort destas funcionalidades para a sua afirmação no mercado”, adiantam os investigadores do Politécnico de Castelo Branco ao JE.

SMARTCUT é um projeto a pensar na floresta do futuro, FLORESTA 4.0, que já é uma realidade dada a necessidade de implementar as melhores práticas de gestão da floresta.

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