Portugal pode voltar a atingir a fasquia dos 200 milhões de euros provenientes de receitas do turismo oriundo da China já em 2025. Desde 2019, as receitas provenientes do turismo chinês não chegam a esta meta, tendo alcançado em 2024 um total de 154 milhões de euros. Tiago Brito, diretor do Turismo de Portugal na China, assume estar otimista para os números deste ano, em entrevista ao Jornal Económico (JE), realizada na 13ª edição da Feira do Turismo de Macau, que decorreu entre 25 e 27 de abril.
“Já seria um número muito interessante, mas naturalmente temos ambição para mais. As receitas turísticas, enquanto exportações de serviços, são muito relevantes no atenuar do défice da balança comercial da China”, refere Tiago Brito, que lidera o turismo de Portugal na região há cinco anos.
O mesmo otimismo é dirigido para o número de hóspedes e dormidas, onde, nos primeiros dois meses de 2025, e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), se registou um incremento de 27% face ao período homólogo de 2024. “Isso leva-nos também a estar bastante confiantes de que os números deste ano vão ser muito bons e, se tudo correr muito bem, possivelmente já ultrapassaremos 2019”, afirma.
Sobre a evolução que tem visto nestes cinco anos de trabalho na promoção de Portugal na China, Tiago Brito destaca o papel do marketing digital, tendo em conta que o ecossistema de redes sociais na China é completamente diferente do Ocidente. “Desde que vim para este cargo, inclusive com a anterior diretora, que fez um excelente trabalho, temos dinamizado a nossa comunicação em praticamente todas as plataformas de social media chinesas”, salienta.
O diretor do Turismo de Portugal na China sublinha ainda o grande trabalho de comunicação digital para que a pegada digital do turismo português chegue a todos os cantos da China. “Essa é uma das componentes em que temos feito mais esforços. Lançámos uma base de dados de pontos de interesse de Portugal na plataforma WeChat, que tem 750 pontos de interesse em Portugal, todos em mandarim, com uma explicação e um elemento visual dos diferentes locais e cidades”, refere.
China será um “parceiro interessante” para o turismo português
Com a guerra de tarifas comerciais entre os Estados Unidos e a China, o país asiático procura novos complementos e, por isso, Tiago Brito não tem dúvidas de que o mercado chinês, com todo o seu potencial, e falando exclusivamente do turismo, pode assumir-se “não como uma alternativa, porque nunca terá a escala da procura americana”, mas tem potencial de crescimento.
“Tem sido um pilar de estabilidade do ponto de vista do relacionamento com Portugal, de amizade política e negócios. Os chineses têm investido muito em Portugal, também na indústria do turismo, e essa estabilidade e previsibilidade permitem-nos estar muito confortáveis de que teremos um parceiro interessante para o turismo”, afirma.
Os investimentos, segundo Tiago Brito, vão desde participações em estabelecimentos hoteleiros até à abertura de unidades de enoturismo e ao mercado imobiliário, com cidadãos chineses que abriram agências de viagem e operadores turísticos em Portugal, o que tem levado muitos a residir atualmente em território nacional.
Questionado sobre a importância da TAP em operar no mercado asiático, o diretor do Turismo de Portugal na China ressalta que a companhia aérea está mais focada na América do Norte, no Brasil, em alguns países lusófonos e em África. “Não estão tão virados, neste momento, para a Ásia e para Macau em particular, mas de facto é algo que pode ser eventualmente equacionado no futuro”, assume, sublinhando que tudo depende de vários fatores do contexto político.
“Depende também da avaliação que seja feita da rentabilidade comercial do voo. Obviamente que a TAP é um parceiro muito importante do turismo de Portugal e do país, para onde quer que voe, e na Ásia não seria indiferente. Existe, de facto, essa apetência para criar negócio e gerar emprego, em particular para a indústria do turismo”, afirma.
O Jornal Económico viajou até Macau a convite da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).
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