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Portugal consegue juros abaixo de 3% para emitir dívida de médio prazo

IGCP realizou esta quarta-feira dois leilões de obrigações com maturidades em 14 de abril de 2027 e 17 de outubro de 2022, tendo colocado o montante máximo indicativo. As taxas de juro alcançadas desceram face a anteriores leilões com igual maturidade e ao mercado secundário.
  • D.R.
14 Junho 2017, 10h49

O Tesouro português voltou a pagar taxas mais baixas para emitir dívida pública de médio prazo. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, o IGCP, emitiu esta quarta-feira 1.250 milhões de euros, o montante máximo indicativo, em dois leilões de Obrigações do Tesouro (OT) a cinco e dez anos.

Na linha com maturidade a 14 de abril de 2027, o IGCP emitiu 750 milhões de euros em OT a 10 anos, tendo pago uma taxa de colocação foi de 2,851%, a mais baixa desde agosto do ano passado. A última emissão de OT a 10 anos aconteceu a 10 de maio, altura em o o IGCP colocou 632 milhões de euros com uma yield de 3,386%.

“São muito boas notícias”, avalia o diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, Filipe Silva. “Claramente emitimos abaixo do custo médio da dívida portuguesa e por se tratar de dívida de longo prazo esse facto beneficia os encargos do país. No caso da emissão a 10 anos, creio mesmo que se trata da emissão mais baixa que temos no mercado”.

Além da descida acentuada face ao último leilão com igual matura, a taxa ficou também ligeiramente abaixo da yield das obrigações benchmark negociadas no mercado secundário. Esta manhã, o juro da dívida nacional a 10 anos desceu para 2,88%, o valor mais baixo em 10 meses.

O diretor da gestão de ativos atribui a descida dos juros a uma série de fatores, mas sublinha que “boa parte se deve ao reconhecimento, por parte dos investidores, dos bons dados económicos divulgados recentemente sobre Portugal”.

O gestor da corretora XTB, Eduardo Silva lembra também que Portugal está a beneficiar da conjuntura europeia. “Assistimos a uma redução do prémio de risco dos periféricos do euro e em particular de Portugal, face ao custo da dívida alemã que serve de referência”. O analista acrescenta que “bons indicadores, uma política monetária expansionista agressiva do Banco Central Europeu, a redução do risco político e saída de défice excessivo, continuam a ajudar Portugal a financiar-se a custos mais baixos”.

Na linha com maturidade a 17 de outubro de 2022, o Tesouro emitiu 500 milhões de euros em OT a cinco anos e conseguiu uma taxa de colocação de 1,198%. No último leilão de obrigações com o mesmo prazo, também em maio, o IGCP tinha pago uma taxa de colocação 1,828% para emitir 618 milhões.

A procura na maturidade benchmark superou a oferta em três vezes, o que significa uma procura mais robusta do que no leilão de maio. Já nas bonds a cinco anos, a procura foi 1,94 vezes superior à oferta, ligeiramente menor que na última emissão.

Estes leilões acontecem apenas dois dias antes da agência de notação financeira Fitch rever o rating de Portugal. Atualmente em BB+, ou seja no primeiro nível de ‘lixo’, é pouco provável que o rating da República seja alterado na próxima sexta-feira já que tem perspetiva estável. No entanto, a Fitch poderá premiar Portugal com uma revisão em alta do outlook.

“A nível nacional, pagamentos extraordinários ao FMI, crescimento forte, projeções positivas para o resto do ano, no que diz respeito a serviços e exportações, são indicadores positivos e poderão, inclusivamente a certo ponto, obrigar agências como a Fitch, que se irá pronunciar esta semana, a mudar o rating“, refere o gestor da XTB.

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