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Portugal em risco de incumprimento quanto à reciclagem de embalagens

O alerta é feito pela Sociedade Ponto Verde que deixa várias soluções para aumentar a capacidade de resposta do sistema de reciclagem e evitar a perda estimada de 34 milhões de euros em embalagens que acabam em aterros.
14 Outubro 2024, 15h31

Nos primeiros nove meses de 2024, Portugal enviou para reciclagem 360.975 toneladas de embalagens, o que representa um aumento de 4% em comparação com o mesmo período de 2023. No entanto, esse crescimento não é suficiente para que o país atinja as novas metas europeias de reciclagem, que estabelecem que, até 2025, Portugal deve reciclar pelo menos 65% de todas as embalagens colocadas no mercado, destaca a Sociedade Ponto Verde (SPV).

Atualmente, a taxa de retoma das embalagens está em 55,3%, o que indica que o país ainda está aquém das exigências. Caso Portugal não consiga cumprir as metas de reciclagem estabelecidas pela legislação da União Europeia, há a possibilidade de um processo de infração pela Comissão Europeia, o que pode resultar em sanções ao Estado português. Portanto, de acordo com a Sociedade Ponto Verde, urge intensificar os esforços para melhorar a eficiência do sistema de reciclagem, garantindo uma melhor coleta de embalagens e um serviço mais conveniente para os cidadãos.

Uma abordagem sugerida inclui complementar o modelo de coleta por ecopontos com sistemas de incentivo, como a coleta porta-a-porta ou o modelo “pay as you throw”, que permite aos cidadãos perceberem o valor pago em função do consumo. Essas soluções poderiam aumentar a capacidade de resposta do sistema de reciclagem e evitar a perda estimada de 34 milhões de euros em embalagens que acabam em aterros.

A sociedade salienta ainda o investimento em inovação como factor essencial para modernizar os ecopontos, utilizando inteligência artificial para reconhecer diferentes tipos de embalagens, como plásticos, papelão, metal e vidro, e recompensar os cidadãos pelas suas boas práticas de reciclagem. Segundo a Sociedade Ponto Verde, essa modernização deve ser uma prioridade nacional para facilitar a correcta separação dos resíduos e tornar o sistema mais eficiente.

Os dados mostram que a reciclagem de vidro ainda está abaixo das expectativas, com apenas 164.973 toneladas recolhidas, o que representa um aumento mínimo de 1% em relação ao ano passado. Para melhorar essa situação, será fundamental que cada cidadão recicle, pelo menos, duas garrafas de vidro a mais por mês. Isso pode ser alcançado com a implementação de soluções específicas, como a adaptação de ecopontos para os estabelecimentos do setor HORECA, facilitando a deposição de vidro, realça a sociedade liderada por Ana Trigo Morais.

Em contrapartida, os números para outros materiais são mais otimistas. Entre janeiro e setembro de 2024, foram recicladas 117.679 toneladas de papel/cartão (+6%), 6.241 toneladas de embalagens de cartão para alimentos líquidos (+3%), 64.322 toneladas de plástico (+6%) e 1.652 toneladas de alumínio (+19%). Para a SPV, são dados que indicam um progresso na reciclagem de materiais diferentes das embalagens de vidro, refletindo a necessidade de estratégias específicas para cada tipo de material.

De acordo com a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais, “as embalagens sempre foram um exemplo, o único fluxo de resíduos urbanos a alcançar os compromissos europeus”. Com a publicação do UNILEX e a entrada em vigor das novas licenças das entidades gestoras, “a nossa expectativa é que seja possível promover um ambiente concorrencial mais justo, e se implementem, de forma célere, as ações necessárias que gerem impacto direto nos resultados e a sua avaliação esteja diretamente ligada a uma maior transparência”. Segundo a SPV, “mantêm-se como prioridades melhorar o nível de serviço aos cidadãos e tornar as operações de recolha e triagem mais eficientes”.

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