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Portugueses mais adeptos do cartão de crédito para pagar contas

No espaço de um ano, o número de portugueses que usou cartão de crédito para pagar contas mensais aumentou em 16%, com 35% a optar pelo crédito em 2024.
cartão de crédito
A credit card is used on a payment terminal at a shop near Nantes, France, in this illustration picture taken November 6, 2023. REUTERS/Stephane Mahe/File Photo
29 Novembro 2024, 09h09

A pandemia veio alterar o sistema de pagamentos e também a forma como os europeus – onde se inserem os portugueses – realizam os seus e gastam o dinheiro. O mais recente relatório “European Consumer Payment Report” da Intrum mostra que os portugueses estão mais dependentes do uso do cartão de crédito, tendo utilizado este método de pagamento para pagar contas.

Isto é, 35% dos consumidores portugueses utilizaram o cartão de crédito para pagar contas nos últimos seis meses. Este é um padrão visível nos consumidores um pouco por toda a Europa. “Em Portugal observa-se um padrão semelhante ao da Europa quanto ao crescimento no uso de cartões de crédito em 2024, mas com um incremente mais acentuado em relação ao ano anterior”, aponta o estudo da Intrum.

O uso do cartão de crédito caiu entre 2019 e 2023, com apenas 19% dos portugueses a fazê-lo no ano passado, o ponto mais baixo. No entanto, os dados deste ano mostram o disparo para os 35%, significando um aumento de 16% no espaço de um ano. “Consequentemente, a proporção de consumidores que nunca usaram cartões também caiu substancialmente, de 81% em 2023 para 65% em 2024”, conclui.

“Em Portugal, o crescimento acentuado do uso do cartão de crédito evidencia como o recurso a estas ferramentas financeiras se tornou essencial para muitas pessoas, num cenário de inflação elevada e aumento do custo de vida. É crucial que tanto os consumidores quanto as instituições financeiras promovam uma utilização responsável do crédito, garantindo que este seja uma solução sustentável e não um fator de risco adicional”, explica Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal.

Na visão da Intrum, os dados revelados na análise “refletem uma crescente aceitação social do cartão de crédito como ferramenta financeira e a necessidade de recursos adicionais face a desafios económicos globais e locais. Simultaneamente, a facilidade de acesso a cartões de crédito, que permitem adiar pagamentos e parcelar compras, torna-se especialmente atrativa em períodos de incertezas”.

Na Europa, o uso do cartão de crédito intensificou-se desde 2020, o que levanta algumas preocupações em relação à saúde financeira das habitações europeias e também do impacto das promoções de fim de ano, nomeadamente da Black Friday, no orçamento familiar.

“Ao longo dos últimos seis anos, observou-se um crescimento contínuo na utilização de crédito para pagamento de contas. Em 2020, apenas 22% dos consumidores europeus afirmava recorrer ao crédito para cobrir despesas, mas em 2024 este número subiu para 37%, um aumento de 68%. O crescimento mais expressivo foi registado em 2024, com um aumento de 12 pontos percentuais, face a 2023, destacando um aumento da dependência do crédito como ferramenta de gestão financeira”, explica a Intrum.

Quem sente mais pressão financeira?

O “European Consumer Payment Report” indica que o uso do cartão de crédito para cobrir despesas se está a disseminar nas camadas mais jovens, nomeadamente Millennials e Gen Z. São estes cidadãos, nascidos entre 1981 e 2012, que estão a sentir mais pressão financeira.

O estudo evidencia que 44% dos Millennials e 37% da Geração Z utilizou cartão de crédito ou recorreu a empréstimos nos últimos seis meses para pagar contas, valores significativamente mais elevados do que os observados nas gerações mais velhas.

Ora, a tendência sugere que os consumidores mais jovens podem estar mais propensos a fazer compras por impulso na Black Friday, aproveitando promoções, mas utilizando crédito, o que pode resultar em endividamento. “Este comportamento tem como consequência as dificuldades financeiras que muitos jovens enfrentam, como o aumento do custo de vida e os desafios de salários mais baixos em início de carreira, obrigando-os a recorrer a cartão de crédito para cobrir as despesas do dia a dia”.

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