A sessão de quarta-feira foi extremamente interessante, como há muito tempo não ocorria, não pela volatilidade e dimensão dos movimentos, porque nesse capítulos até já tivemos dias bem mais mexidos, mas houve um detalhe muito revelador, na conferência de imprensa de Jerome Powell, que deu um indício poucas vezes divulgado por parte de um responsável da Reserva Federal dos EUA (Fed). Mas começando pelo princípio, aquando da divulgação do comunicado relativo à reunião do banco central norte-americano o mercado reagiu de forma positiva, pelo simples facto do documento conter a maravilhosa expressão de, “incorporando a dimensão das subidas já efetuadas e o desfasamento dos efeitos na economia desses aumentos”.
Esta foi a forma que os membros da Fed encontraram para comunicar ao mercado que efetivamente os juros vão continuar a subir, mas não com o mesmo ímpeto dos últimos meses, algo que era já de si óbvio uma vez que os juros ficaram no patamar de 3.75% a 4% e basta mais uma subida de 0.75% para ficar muito perto dos 5%, que são vistos como um patamar muito agressivo. Mas os touros viram uma oportunidade para agarrar no sentimento e os índices estavam a conseguir anular as quedas, contudo assim que Jerome Powell leu as primeiras linhas do seu comunicado prévio às questões dos jornalistas, os touros sentiram logo que o dia não ia ser fácil.
Mas ainda assim houve uma réstia de força ascendente que segurou o mercado, algo que foi completamente atropelado quando Powell deixou bem claro que “é prematuro falar em reduzir o ritmo da subida dos juros, estamos perto mas ainda temos caminho a percorrer”. A partir daí os touros deitaram por completo a toalha ao chão, até porque logo após o presidente da Fed deu o toque especial que fez de quarta-feira um dia para recordar. É que, houve um jornalista que referindo a reação positiva do mercado, que já não era verdade, pediu a Powell um comentário sobre esse facto e a resposta não podia ser mais clara, com um reforço da ideia de que a subida dos juros não vai ter uma pausa nem sequer um arrefecimento de ritmo.
Ou seja, Powell quis claramente que o mercado não subisse, foi evidente, o que se justifica pelo facto simples, mas avassalador, é que nos EUA um mercado em alta dá um enorme poder de compra a uma boa parte dos cidadãos, para além de melhorar significativamente as condições monetárias e financeiras dos cidadãos e empresas, algo que a Fed neste momento não quer de todo, uma vez que a sua intenção é exatamente uma política monetária mais restritiva para conseguir reduzir substancialmente a inflação. Portanto, até que existam claros indícios de que essa fase terminou, será muito complicado para os touros terem o seu espaço, para além de rebounds ocasionais.
O gráfico de hoje é do EUR/USD, o time-frame é Diário.
O par de moedas quebrou em baixa o canal ascendente (laranja), o que indicia mais correção no curto- prazo.
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