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“Precisamos de oferta de habitação para todos os segmentos de mercado”, alerta especialista da JLL

Patrícia Barão, responsável pela área de Residencial da JLL Portugal, diz que é necessário para “conseguimos diminuir o desequilíbrio que existe entre oferta e procura”.
30 Abril 2024, 11h28

A responsável pela área de Residencial da JLL Portugal considera que Portugal tem um “caminho mais ou menos traçado para avançar” na questão da habitação.

“Temos agora as condições para ter um ano 2024 melhor do que 2023”, afirmou esta manhã Patrícia Barão, durante um evento sobre imobiliário promovido pelo Jornal Económico (JE), insistindo que o país tem os “ingredientes” e sabe “agora o que fazer para melhorar o tema da habitação”. “Resta-nos usar estas ferramentas e conseguir implementá-las de forma a que consigam concretizar os empreendimentos e trazer o produto para o mercado”, continuou.

A questão incontornável da oferta – ou falta dela – foi um dos eixos levantados pela head of Residencial da consultora internacional nesta espaço de debate, lado a lado com o economista António Nogueira Leite, o CEO da Vanguard Properties, José Cardoso Botelho, e o advogado e sócio da VdA Miguel Marques dos Santos.

O mercado tem tido nos “últimos dez anos uma oferta muito escassa de habitação”, reiterou. “Temos de trazer obrigatoriamente novas casas para o mercado, mas que sejam para todos o segmentos. As condições que havia até agora, e que ainda estão em vigor, permitem que os promotores olhem para o mercado de segmento alto e que lhes seja financeiramente mais vantajoso trazer uma oferta para esse segmento. Mas o que precisamos efetivamente é de ter uma oferta de habitação para os vários segmentos de mercado para conseguimos diminuir o desequilíbrio que existe entre oferta e procura”, analisou.

Sobre a questão demográfica, Patrícia Barão defende um olhar atento sobre essas alterações que se têm vindo a verificar nas últimas décadas. “Mais 20% acima dos 65 anos e menos 15% da população dos zero aos 14 anos. Está efetivamente a envelhecer”, acrescentou.

Em termos de resposta habitacional, “novas soluções de senior housing e coliving vão ter de surgir no mercado”. “A população não decresceu mais pelo tema da imigração, temos de olhar para estas alterações demográficas. Mais famílias e famílias mais pequenas. Há dez anos tínhamos famílias de 3,8 pessoas. Vão precisar de apartamentos menores. Já não temos uma procura tão elevada para tipologias maiores. Vamos assistindo a estas alterações e a ter de responder às mesmas”, analisou.

Orientando o debate para o tema do Simplex Urbanístico, Patrícia Barão apontou para as vantagem do mesmo, alertando, contudo, para o tempo necessário para a implementação.

“Estamos todos de acordo que o Simplex veio agilizar o tema dos licenciamentos. Mas temos de olhar para os 308 municípios e todos funcionam de forma diferente, 2026 uniformizar para que possam funcionar da mesma forma. Temos algumas condições criadas”.

“Vai demorar algum tempo, falta-nos aqui um período transitório. Acho que estamos a aproximar-nos do modelo anglo-saxónico: mais responsabilidade, maior liberdade. Esta desresponsabilização das Câmaras para o privado é também isso. Não podemos estar à espera dos diferimentos tácitos. Temos de saber garantir que temos tudo preparado para que não haja situações mais complexas”.

“Temos de ser otimistas e não podemos ter uma postura sempre castradora das medidas que aparecem. Cabe a nós, stakeholders do mercado, também dar um voto de confiança. E acreditarmos que estas 26 medidas [Simplex] vêm para facilitar. Iremos fazer o nosso papel para que as coisas funcionem bem para os portugueses e para quem quiser investir em Portugal”, finalizou.

Os desafios do imobiliário em 2024 estiveram em discussão esta terça-feira, no Hotel Intervontinental, em Lisboa, num pequeno-almoço de debate promovido pelo Jornal Económico, no qual também esteve presente o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.

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