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Presidente moçambicano admite “impaciência” no país com proclamação dos resultados

“Naturalmente que essa impaciência temos todos nós, eu também tenho, para ver quando é que a gente sabe com quem fala, como falamos, porque falamos”, disse Filipe Nyusi, em declarações aos jornalistas, depois de visitar o centro comercial do grupo de supermercados sul-africano Shoprite, em Maputo, onde duas lojas foram vandalizadas e pilhadas nas manifestações violentas, de contestação aos resultados eleitorais, de quinta-feira.
8 Novembro 2024, 17h40

O Presidente moçambicano admitiu hoje que há “impaciência” no país com a proclamação dos resultados das eleições gerais de outubro, que também partilha, mas avisou que se houver necessidade de corrigir processos eleitorais, os moçambicanos sabem como fazer.

“Naturalmente que essa impaciência temos todos nós, eu também tenho, para ver quando é que a gente sabe com quem fala, como falamos, porque falamos”, disse Filipe Nyusi, em declarações aos jornalistas, depois de visitar o centro comercial do grupo de supermercados sul-africano Shoprite, em Maputo, onde duas lojas foram vandalizadas e pilhadas nas manifestações violentas, de contestação aos resultados eleitorais, de quinta-feira.

“Se alguma lei e algumas coisas estão mal feitas, os moçambicanos têm capacidade de corrigir. Porque de facto se reclama que esta coisa não foi feita bem por causa disso, isso é bom. Então, qual é o momento em que vamos fazer, bom isso somos nós que vamos fazer, não há de haver outra pessoa”, disse, recusando as críticas constantes ao Conselho Constitucional, órgão que tem a competência de proclamar os resultados das eleições em Moçambique.

“Manipulámos a opinião do Conselho Constitucional, não podemos tomar decisão nessa altura em manipulação. Isso não é um Estado democrático”, afirmou.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.

Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo na quinta-feira, 07 de novembro.

Venâncio Mondlane anunciou quinta-feira que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.

Pelo menos três pessoas foram mortas e 66 ficaram feridas durante confrontos entre manifestantes e a polícia na quinta-feira, oitavo dia das greves convocadas por Venâncio Mondlane, anunciou hoje o Hospital Central de Maputo (HCM), maior unidade do país.

“Ontem, dia 07 [quinta-feira], em todas as nossas portas de entrada tivemos um cumulativo de 138 admitidos, dos quais a urgência de adultos teve 101 pacientes. Dos 101 pacientes, 66 foram vítimas dessas manifestações e os restantes foram por outras causas”, disse o diretor do Serviço de Urgência de Adulto no HCM, Dino Lopes, em declarações à comunicação social.

Dados apresentados pelo responsável dão conta de que pelo menos três pessoas perderam a vida na quinta-feira, em resultado das manifestações.

Entre as vítimas, disse Dino Lopes, o maior grupo, com 34 feridos, têm idades compreendidas entre 25 e 35 anos de idade, seguido de 17 feridos na faixa etária entre 15 e 25 anos de idade, num dia em que o HCM afirma não ter recebido crianças feridas em resultado das manifestações.

Para responder à demanda, disse Dino Lopes, o HCM contou com o contributo de estudantes de medicina da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), para além dos médicos de outras unidades sanitárias e de organizações não-governamentais que se voluntariaram para auxiliar na assistência aos pacientes.

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