O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu hoje acelerar a construção de habitações e melhorar os serviços públicos do Reino Unido, no início do congresso do Partido Trabalhista, em Liverpool.
Starmer – que venceu as eleições de 04 de julho, por maioria absoluta – fez a promessa enquanto a sua popularidade cai nas sondagens devido à decisão de restringir a ajuda energética aos reformados e por causa de uma polémica por não declarar, ou fazê-lo tardiamente, roupas de marca doadas à sua mulher.
Em entrevista ao jornal The Observer, o líder trabalhista revelou que não planeia regressar ao período de austeridade implementado pelo Governo conservador de David Cameron em 2010, apesar de ter avisado que o próximo Orçamento do Estado – que será apresentado em 30 de outubro – será “doloroso”.
“Tenho muita consciência de que os nossos serviços públicos estão no mínimo (…). Dirigi um serviço público. Sei o que é ter cortes. E sei que muitos foram cortados até aos ossos. Por isso, devemos garantir o bom funcionamento dos nossos serviços públicos”, defendeu o primeiro-ministro.
Tanto Starmer como a responsável pela pasta da Economia, Racheel Reeves, comprometeram-se durante a campanha eleitoral em não aumentar as três grandes taxas: o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), as contribuições para a segurança social e o imposto sobre o rendimento.
Starmer e Reeves alertaram, no entanto, que terão de ser tomadas “decisões difíceis”, depois de revelarem que o anterior Governo conservador deixou um défice orçamental oculto de 22.000 milhões de libras (26.230 milhões de euros).
Preocupados com estas medidas, os sindicatos britânicos – muitos deles financiadores do Partido Trabalhista – estão a considerar apresentar uma moção, na segunda-feira, contra a eliminação pelo Governo dos subsídios de aquecimento para a maioria dos reformados (exceto os mais pobres).
No primeiro dia do congresso – que se prolongará até quarta-feira – Starmer anunciou em comunicado um plano para conceder aos promotores imobiliários uma espécie de passaporte que aprovará automaticamente as suas propostas urbanísticas, desde que cumpram requisitos específicos de ‘design’ e qualidade.
No seu discurso no Congresso, a vice-primeira-ministra, Angela Rayner, anunciou que será criado um padrão de habitação digna, tanto no setor público como no setor privado, com mais controlos sobre os proprietários que negligenciam as suas propriedades.
“Herdámos uma crise imobiliária dos conservadores, mas este Governo Trabalhista está a tomar medidas ousadas não só para construir o que o nosso país precisa e impulsionar a habitação social e acessível, mas também para garantir que todas as habitações são decentes, seguras e confortáveis”, explicou Rayner.
A chegada de Starmer ao Congresso – onde discursará na terça-feira – ocorre num clima de tensão no seu círculo próximo, depois de várias fontes anónimas terem tornado público o descontentamento sobre o salário auferido e o poder detido pela sua chefe de gabinete, Sue Gray, que ganha mais do que o primeiro-ministro.
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