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Prisa vai vender TVI à Cofina

O CEO da Cofina assinou memorando com a Prisa para garantir negociações exclusivas para a compra da TVI. De acordo com o Expresso, tudo indica que não há ainda uma proposta formal com valores concretos.
14 Agosto 2019, 14h46

Paulo Fernandes, o dono da Cofina, decidiu entrar em negociações exclusivas para a compra da TVI à espanhola Prisa.

De acordo com a notícia avançada com o Expresso, esta quarta-feira, Paulo Fernandes, o CEO do grupo que detém Correio da Manhã, Record, Sábado e Jornal de Negócios, terá assinado um memorando com a Prisa, já há cerca de três semanas, que lhe garante exclusividade nas negociações, indica o jornal da Imprensa, citando fontes envolvidas no processo. Tudo indica que não há ainda uma proposta formal com valores concretos.

O processo de venda terá tido inicio após a saída de Rosa Cullell da direção executiva da Prisa. Depois de fracassadas negociações com a Altice e do interesse de outros dos potenciais compradores como o empresário Mário Ferreira, a Cofina parece avançar de forma concreta numa altura em que a TVI parece ter desvalorizado até pela rápida descida de audiências face à SIC. De acordo com os últimos dados dos primeiros seis meses do ano, a SIC liderou as audiências com 18,9% de share, superiorizando-se à TVI que liderou as audiências durante 12 anos.

Com o arranque das negociações exclusivas, Paulo Fernandes afasta de cena outros potenciais compradores que se têm falado, como o empresário Mário Ferreira.

Cofina e TVI: interesse tem mais de uma década
Em fevereiro deste ano, o semanário “Expresso” noticiou que a Prisa tinha contactado potenciais compradores, como a Cofina (dona do Correio da Manhã e CMTV e Jornal de Negócios) e a Record TV (propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus).

O interesse da Cofina tem, pelo menos, mais de uma década. Em 2003, o grupo liderado por Paulo Fernandes, que também detém a papeleira Altri, detinha 4,64% da TVI, uma posição que tinha comprado à ICAM por 4,99 milhões de euros, em 2022. Em maio de 2003, a Cofina acabou por vender essa participação à Media Capital por 7,4 milhões.

Mas o interesse na televisão manteve-se e em 2009, quatro anos antes do lançamento da CMTV, a dona do Correio da Manhã tornou pública a vontade de comprar uma posição de controlo ou uma participação maioritária na Media Capital. À época a Portugal Telecom, via Ongoing, tentou comprar uma participação de 30% na Media Capital, mas o negócio acabou inviabilizado pelo governo de José Sócrates e a Cofina encontrou viu aí o esboçar de uma oportunidade que acabou por não se concretizar.

“Se a Prisa quiser vender toda a Media Capital, a Cofina pode olhar para o dossier”, fez saber, então, a holding de Paulo Fernandes criada em 1995.

Do outro lado da mesa, as conversações entre o acionista maioritário da Media Capital e a Cofina ocorrem numa altura em que o grupo detido pela Prisa atravessa uma reestruturação. Após oito anos de liderança, Rosa Cullell foi substituída por Luís Cabral na presidência executiva da dona da TVI quando a Prisa parecia ter desistido de vender o grupo depois de o negócio com a Altice Portugal ter falhado.

A operação de venda da Media Capital à Altice foi travada pela Autoridade da Concorrência em junho de 2018, que concluiu que o negócio iria resultar num custo estimado de 100 milhões de euros por ano aos concorrentes e, consequentemente, aos consumidores.

A Altice oferecia 440 milhões de euros à Prisa para ficar com a Media Capital, o maior grupo de media português em quota de mercado, detendo canais como a TVI ou as rádios Comercial e M80.

Pouco mais de um ano decorrem novas negociações para Prisa alienar a Media Capital, quando o principal ativo do grupo, a TVI, foi relegado para segundo plano em matéria de audiências televisivas. Essa despromoção terá tido influência no decréscimo dos lucros da Media Capital em mais 50%, para 5,9 milhões de euros no primeiro semestre do ano.

A Cofina e a Media Capital são dois dos maiores grupos de comunicação social do país. A Cofina detém o Correio da Manhã, o Jornal de Negócios, o Record, o Destak e o Mundo Universitário, além das revistas Sábado, Máxima e TV Guia. A CMTV é a coqueluche do grupo. A empresa de jogos e apostas online Nossa Aposta pertence à Cofina.

A Media Capital é dona dos canais TVI, TVI 24, TVI Internacional, TVI Ficção, TVI Reality e TVI África. Controla também as rádios Comercial, M80, Cidade, Smooth FM e Vodafone FM. No segmento online é dona do sitío Mais Futebol, do  portal IOL, do Portugal Diário e da Agência Financeira.  Detém a produtora Plural.

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