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Proença de Carvalho: “Global Media está numa posição relativamente confortável, praticamente sem dívida bancária”

Em declarações exclusivas ao Jornal Económico, o chairman da Global Media, Proença de Carvalho, disse que a dona de títulos como DN, JN ou TSF tem “grandes desafios” pela frente. Defende uma reestruturação e “eventualmente ter acesso à televisão”. Sobre o negócio Cofina-Media Capital garante que a Global Media não ficará fragilizada.
  • Presidente do conselho de administração da Global Media Group, Daniel Proença de Carvalho, na SEDES
20 Fevereiro 2020, 07h25

O presidente do conselho de administração da Global Media, Daniel Proença de Carvalho, acredita que a operação de concentração de media provocada pela aquisição da Media Capital pela Cofina pode ser um momento de “oportunidade” e, por isso, em declarações exclusivas ao Jornal Económico, defendeu que a dona de títulos como Diário de Notícias, Jornal de Notícias ou TSF não ficará fragilizada.

“A Global Media é neste momento um dos grupos que do ponto de vista financeiro está numa posição relativamente confortável, praticamente sem dívida bancária”, afirmou o ex-jurista, à margem do ciclo de conferências “Fim de Tarde na Sedes”, promovido pela SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, onde foi orador convidado na segunda-feira, 17 de fevereiro.

Ainda sobre a situação do grupo que detém 23,36% da agência de notícias Lusa, Proença de Carvalho admitiu que “precisa, evidentemente, de fazer uma reestruturação e, eventualmente, ter acesso à televisão”. A Global Media “tem os meios e as capacidades para isso”, sublinhou, reconhecendo, porém, que se tratam de “grandes desafios que se colocam à empresa e aos seus acionistas”.

De acordo com o portal da transparência da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), lançado em 16 de dezembro de 2019, o grupo dono também do “Dinheiro Vivo” registou prejuízos de 4,5 milhões de euros e quanto a resultados antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos registou um resultado negativo de 3,1 milhões de euros em 2017.

No mesmo ano, os rendimentos totais ascenderam a 43,6 milhões de euros. Mas o passivo da Global Media era de 66,8 milhões de euros, enquanto o ativo total fixava-se em 98,3 milhões de euros e o capital próprio em 31,4 milhões de euros.

Como o portal da ERC não disponibiliza dados relativos a 2016 e existe um “pedido de confidencialidade em apreciação” sobre os indicadores de 2018, não é possível estabelecer uma evolução da saúde financeira do grupo onde Proença de Carvalho é chairman.

Cofina-Media Capital?”Estes momentos são também de oportunidade
Questionado sobre a aquisição da Media Capital, dona da TVI e Rádio Comercial, pela Cofina, dona do Correio da Manhã e CMTV, Proença de Carvalho não quis elaborar comentários pormenorizados – o escritório Uría Menendéz-Proença de Carvalho, presidido pelo ex-jurista durante dez anos, teve uma intervenção direta no processo de aquisição da Media Capital pelo grupo de Paulo Fernandes.

Ainda assim, garantiu ao JE que a Global Media não sairá fragilizada pela concentração de media que a Cofina-Media Capital estão a protagonizar desde setembro de 2019 no mercado de media português. “A Global Media tem um portfólio muito diversificado. Tem marcas com uma história muito forte, de grande prestígio e encara com naturalidade e com no normalidade [a OPA]”, salientou.

“Estes momentos são também de oportunidade. Havendo mais concentração [do setor], aqueles que estão independentes, maior autonomia, [têm] maior capacidade de poder conquistar mercados diferentes”, concluiu quando questionado sobre um possível impacto da operação na Global Media.

Em novembro de 2019, a Lusa noticiou que a Global Media apresentou-se junto da Autoridade da Concorrência (AdC) – a par da Impresa, Meo, NOS e Vodafone Portugal – como parte interessada no âmbito da operação Cofina-Media Capital. A Global Media expôs à AdC reservas em relação à operação, partilhando preocupações relativamente ao impacto no mercado nacional de publicidade.

“Alega a Global de Notícias [Global Media Group] que a operação de concentração permitira à empresa integrada ser líder na captação de investimento publicitário, em particular no meio digital”, lê-se no projeto de decisão de não oposição da Autoridade da Concorrência.

Para a dona do DN e JN, “existe um risco muito significativo de centralização da compra de espaços publicitários no novo grupo” resultante da concentração, “criando as condições favoráveis para a prática de preços que levem à diminuição da procura dos espaços publicitários dos concorrentes que não têm presença nos vários meios, em particular na televisão”.

A Global Media tem como acionistas a KNJ – Holdings Limited, desde novembro de 2017, com 35,25%. A posição imputável a José Pedro Soeiro é de 35%, sendo 24,50% detidos diretamente e 10,50% através da Grande Notícias Lda, entidade detida pelo próprio.

Na Global Media, o Novo Banco detém 10,50% e a Olivemedia Unipessoal, de Joaquim Oliveira, 19,25%.

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